O polímata persa Avicena
(aprox. 980-1037) — como também é conhecido o velho Ibn Sina, um dos brilhantes
pensadores da Era de Ouro do Islã — percebeu que todas as coisas têm origem
nesse Sentimento Universal, conforme explicitou em seu Tratado sobre o
Amor:
Todo ser ama o Bem Absoluto
com um amor inato, e o Bem Absoluto se manifesta a todos aqueles que O amam. No
entanto, a capacidade de receber esta manifestação difere em grau, assim como a
conexão que se tem com Ele. (...)
Caso pudesse ocorrer de o
Bem Absoluto não ter Se manifestado, nada poderia ser adquirido Dele, e se nada
pudesse ser obtido Dele, nada poderia existir. Portanto, nada pode haver se Sua
manifestação não estiver presente, uma vez que Ele é a causa de toda a
existência.
Sobre o sublime ato de se
doar ao próximo e suas consequências sociais, assim se expressou o pensador
político francês Alexis de Tocqueville (1805-1859):
— A caridade dos indivíduos se dedica às maiores misérias, procura o infortúnio sem publicidade e, de maneira silenciosa e espontânea, repara os males. (...) Pode produzir somente resultados benéficos. (...) Alivia muitas misérias, sem produzir nenhuma.
Essas palavras do autor de A
democracia na América nos remetem ao milenar estatuto deixado por Jesus, o
Provedor Celeste, a todos os Cidadãos do Espírito:
2 Quando, pois, deres
esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nos
templos e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade, em
verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
3 Quando deres esmola, não
saiba a tua mão esquerda o que faz a direita.
(Evangelho, segundo Mateus,
6:2 e 3)
Quando o ser humano
verdadeiramente ama, estabelece uma sintonia perfeita com as Leis de Amor e
Justiça legadas ao mundo pelo Pai Celestial. A criatura retorna ao seio do Seu
Criador. Pode-se transitar pelos séculos, mas essa glória indescritível do
Ecumenismo Divino, que é o contato socioespiritual entre nós e Deus, um dia, se
realizará.
José de Paiva Netto ― Jornalista,
radialista e escritor.