A saudosa professora da
Universidade de Indiana, EUA, teve de vencer os preconceitos acadêmicos contra
a mulher para se graduar em Ciência Política. De origem humilde, interessou-se
por estudar a organização de comunidades e a gestão que fazem dos recursos comuns,
a exemplo das áreas florestais e de pesca. Ela acreditava que as pessoas, por
si sós, alcançariam formas racionais de sobreviver e de conviver bem. Seria
possível estabelecer laços de confiança entre os indivíduos e desenvolver
regras, respeitando as particularidades dos sistemas ecológicos, a fim de que
houvesse cuidado e proveito coletivos dos bens disponíveis. Isso foi de
encontro à teoria econômica em vigor, chamada “tragédia dos comuns”, baseada
numa visão de que o ser humano, agindo apenas de forma egoísta, levaria à ruína
os recursos naturais.
E as extensas pesquisas de
campo que ela realizou nas florestas do Nepal, nos sistemas de irrigação da
Espanha, nas vilas montanhosas da Suíça e do Japão, nas áreas de pesca da
Indonésia, entre outros locais, confirmaram sua hipótese de que é possível
haver convivência harmoniosa e uso responsável das condições que a Natureza
oferece. Verificou-se que não se poderiam reduzir as pessoas à ganância de tão
somente buscar o máximo de ganhos individuais. Porquanto, deve-se compreender
que a vida é composta de propósitos mais amplos e que a ajuda mútua se
apresenta como item de necessidade básica da Alma humana. Em artigo científico,
de junho de 2010, a dra. Ostrom concluiu:
"Por quase todo o
século passado, analistas de políticas públicas têm postulado que o grande
objetivo dos governos é projetar instituições para forçar (ou empurrar)
indivíduos completamente egoístas a alcançar melhores resultados. Extensa
pesquisa empírica me leva a argumentar que, pelo contrário, o principal
objetivo das políticas públicas deve ser facilitar o desenvolvimento de
instituições que despertem o que há de melhor nos seres humanos. Precisamos nos
perguntar como instituições policêntricas variadas ajudam ou impedem inovação,
aprendizado, adaptação, integridade de caráter, níveis de cooperação dos
participantes, bem como a conquista de resultados mais efetivos, equitativos e
sustentáveis, em escalas múltiplas". (O destaque é meu.)
Nada melhor do que acreditar
e investir no potencial divino dos indivíduos.
Não nos cansamos de afirmar:
nascemos na Terra para viver em sociedade, Sociedade Solidária Altruística
Ecumênica; portanto, fraternalmente sustentável.
Por José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
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