Quem já viu o açude de Coremas
transbordar certamente se assusta com o cenário desolador que atualmente se
forma do redor do manancial. Após seis anos de seca, o açude que um dia
transformou em oásis um pedacinho do Sertão da Paraíba, praticamente secou.
Com capacidade para 1,350 bilhão, de
metros cúbicos, o Açude de Coremas hoje se encontra com apenas 2,% de sua
capacidade.
De acordo com os dados da Agência
Executiva de Gestão das Águas (Aesa), o açude de Coremas tem capacidade para
armazenar 591.646.222 metros cúbicos de água, mas está com apenas 11.563.106
metros cúbicos. Já o açude Mãe D'água, tem capacidade para 567.999.136 de
metros cúbicos de água, mas está com apenas 48.107.442 metros cúbicos, o que
representa 8,7%.
Com colapso, o açude de Coremas teve
uma grande redução na perenização dos rios Piranhas, Piancó e outras cidades,
que passaram a receber águas do açude Mãe D'água, que está com menos de 10% do
volume total.
De acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA), desde o dia 3 de outubro deste ano, a perenização de trechos dos
rios Piancó e Piranhas, com o objetivo de abastecimento público de cidades da
Paraíba e do Rio Grande do Norte, está sendo realizada a partir do açude Mãe
d’Água. Para isto, está sendo usada uma vazão de 2,6 m³/s.
Mesmo com o uso das águas do açude
Mãe D'água, ainda existe uma vazão de 0,5 m³/s, saindo do açude de Coremas.
Segundo a (ANA), isso está acontecendo devido à impossibilidade de fechar
completamente uma das válvulas de controle do reservatório, que está
danificada. Ao todo, está sendo liberada uma de 3,1 m³/s para o rio Piancó.
O maior açude da Paraíba, e o 3ª do
Nordeste, atingiu o volume morto e atravessa a pior crise de sua história. Até
mesmo sertanejos calejados e acostumados em enfrentar duras secas, se emocionam
ao ver Coremas praticamente seco.
Os moradores do município de
Coremas, fizeram um vídeo, mostrando a realidade do Açude, e pedem a Deus chuva
para recarga, caso o contrário no próximo ano, não terá água nem para beber para
aquela população sertaneja.
O agricultor José Albertino que
todos os dias, sai de sua residência no Centro da Cidade e vai observar o
manancial vazio. Emocionado, ele acredita que ainda verá o açude atingir a sua
capacidade máxima, e os sertanejos voltarem a contemplar o oásis que surge no
meio da vegetação seca.
Como nordestino forte e de fé, eles
mantém viva a esperança de um bom inverno em 2017 e que voltarão a ver o açude
sangrar.
Construído pelo Departamento
Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS,) entre 1937 e 1942, Coremas se tornou a
maior obra de engenharia brasileira da época.
Durante muito tempo Coremas–Mãe
dÁgua foi considerada a maior barragem do Brasil, assim permanecendo até 1960,
quando foi inaugurada a Barragem de Orós.
Devido a sua importância, Coremas
recebeu a visita de três presidentes da República: Getúlio Dornelles Vargas em
16 de outubro de 1940, Eurico Gaspar Dutra em 1º de outubro de 1949 e Juscelino
Kubitschek em 15 de janeiro de 1957.
Sertanejo de Cajazeiras, o senador
Raimundo Lira (PMDB) lembrou que quando foi construído, o complexo Coremas/Mãe
D'água, , a barragem de Coremas, tinha capacidade para acumular mais de 1,3
bilhão de metros cúbicos de água, sendo a maior barragem do nordeste com grande
importância econômica para a região.
A barragem de Coremas só teve a sua
capacidade ampliada 20 anos depois de ser construída, em 1962 quando foi
inaugurada a barragem de Orós no Ceará no Rio Jaguaribe com capacidade para
mais de 2 bilhões de metros cúbicos.
Por conta da lentidão nas obras
hídricas, conforme destacou Lira, somente em 1985, - ou seja, 23 anos depois- é
que foi inaugurado no armazenado no Rio Grande do Norte, a barragem Armando
Ribeiro Gonçalves, também chamada de barragem de Assú com 2,4 bilhões de metros
cúbicos, sendo que em 1992 foi construída a barragem doe Castanhão (CE).
Severino Lopes