O grupo feminino de samba vai entrevistar cantoras da capital e falar sobre compositoras consagradas no país
"As mulheres também qualificaram e deram voz de resistência ao som do samba como esta manifestação popular brasileira, mas esse patrimônio imaterial da cultura brasileira ainda é um segmento artístico priorizado e hegemonizado pelos homens tanto nas referências históricas quanto na execução cultural", disse Letícia Carvalho.
Para a integrante Jadsely Santos, a ideia do podcast é enaltecer a memória e relevância que as mulheres de samba detém no segmento da música, para além da posição de cantora e dançarina. “A gente quer mostrar com o histórico e a produção atual que esta linguagem artística também é espaço para as mulheres, fazendo girar a determinação de apenas um lugar para as mulheres na roda de samba”, comenta Jadsely.
O podcast pretende fortalecer as vozes, histórias e músicas não só das personagens abordadas e do próprio grupo Samba Se Ata, mas também das oito entrevistadas ao total. “Queremos fortalecer os nomes de grupos e carreiras de sambistas mulheres e incentivar o aprendizado e desenvolvimento de musicistas, instrumentistas e compositoras para equalizar a participação das mulheres sambistas na cidade de João Pessoa, enquanto opção de geração de renda e trabalho para todas as pessoas envolvidas nesta cena cultural pessoense”, afirma a integrante Suzany Silva.
Confira a programação do “Quiçambas memoráveis das mulheres compositoras”:
Episódio 1 – 13/04: Samba da Bahia e Samba de Terreiro
sobre Ganhadeiras de Itapuã e Dona Dalva
Entrevistadas: Bruna Teixeira e Helô Uehara
Episódio 2 – 15/04: Precursoras do Samba
sobre Tia Ciata, Clementina de Jesus e Dona Ivone Lara
Entrevistada: Nara Santos
Episódio 3 – 17/04: Roda de Samba
sobre Jovelina Pérola Negra e Teresa Cristina
Entrevistadas: Polyana Resende e Ana Regina
Episódio 4 – 19/04: Mulheres e Escola de Samba
sobre Beth Carvalho e Leci Brandão
Entrevistada: Gláucia Lima
Episódio 5 – 21/04: Samba, mulher e política
sobre Carolina Maria de Jesus
Entrevistadas: Cida Alves e Nathalia Bellar
O grupo Samba Se Ata
Samba Se Ata é formado por Bruna, Dora, Deyse, pelos mais diversos tipos de mulheres. Negras, mães, lésbicas, bissexuais e heterossexuais, instrumentistas e compositoras. A banda ocupa a cena do samba pessoense, em corpo e escolha do repertório, com a intenção de romper a hegemonia masculina da cultura sambista. “Nós queremos propor o protagonismo das mulheres nas rodas de samba públicas, coletivas e comunitárias”, comenta Bruna Teixeira.
O Samba Se Ata se inicia em 2016 numa reunião de amigas provenientes de vários lugares do país e que escolheram João Pessoa como morada. Todas compartilham do mesmo amor pelo samba e a constante indignação causada pela ausência de mulheres nas rodas de samba enquanto protagonistas da musicalidade. “Foi dos encontros de fim de semana, sempre com muito batuque e cantoria, que a gente desenvolveu o desejo de aprender mais sobre o samba, tanto histórica quanto tecnicamente e começasse a tocar publicamente”, lembra a cantora Tessy Priscila.
O grupo antes se apresentava com o nome de Tia Ciata Samba Clube, homenagem direta à matriarca do samba cuja história está intimamente ligada ao surgimento do samba carioca.