Também foram atingidos
pelo corte automático de energia os consumidores nas regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste do Brasil
Uma falha na linha de
transmissão que conecta a hidrelétrica de Belo Monte ao sistema elétrico gerou
um apagão de grandes proporções no Brasil nesta quarta-feira com maiores
impactos no Norte e no Nordeste, mas com desligamentos registrados em todas as
regiões do país.
O apagão teve início por
volta de 15h40, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), e no
Norte e Nordeste o fornecimento ainda não estava normalizado até o início da
noite. Ficaram sem luz localidades do Amazonas, Alagoas, Pernambuco, Ceará,
Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Amapá, Pará, Maranhão, Bahia e
Tocantins.
O ministro de Minas e
Energia, Fernando Coelho Filho, disse que o chamado “linhão” que leva a energia
de Belo Monte do Norte ao Nordeste “caiu” e deu início a problemas em série no
sistema elétrico do país. “Essa linha foi inaugurada recentemente e vinha
operando não na sua capacidade total. Houve uma subida de carga, que era
condizente com o porte da linha, e a linha ‘saiu’ (de operação). Nós não temos
ainda a informação oficial, o ONS está focado em restabelecer o fornecimento”,
afirmou ele a jornalistas.
O linhão de Belo Monte
começou a operar no final do ano passado e é de responsabilidade da estatal
Eletrobras e da chinesa State Grid. As empresas não responderam de imediato a
pedidos de comentário sobre o apagão.
O ONS já havia registrado
no final de janeiro um blecaute com impactos em todas as regiões devido a um
“desligamento automático” no linhão de Belo Monte, um empreendimento que
utiliza uma tecnologia de ultra-alta tensão até então inédita no país. Em nota,
a empresa Norte Energia informa que o apagão que atinge as regiões Norte e
Nordeste do país não foi originado pela usina de Belo Monte. “A usina também
foi afetada pela falha ocorrida.”
DISJUNTOR
- Segundo
o Operador Nacional do Sistema (ONS), o problema aconteceu especificamente no
disjuntor da subestação de Xingu, que é responsável pelo escoamento de
praticamente toda a geração da usina de Belo Monte. As causas da falha, que
afetou mais de 70 milhões de pessoas, estão sendo apuradas e devem ser
conhecidas em 10 a 15 dias.
De acordo com o
diretor-geral da ONS, Luiz Eduardo Barata Ferreira, a falha provocou a
separação dos subsistemas Norte e Nordeste. No Norte, que exporta energia para
o Nordeste, o excesso de energia levou ao desligamento das usinas de geração, o
que atrasou ainda mais a recomposição na região Nordeste, que hoje importa
energia.
“Tivemos praticamente um
colapso nessas duas regiões. Com 30 circuitos desligados. Apenas Acre, Roraima
e Rondônia não foram afetados porque não estão ligados ao sistema integrado.
Alguns circuitos do Sul e Sudeste também tiveram que ser desligados, mas por
poucos minutos, já que havia energia suficiente no sistema para atender essas
duas regiões”, resumiu o diretor-geral da ONS.
NO
ESCURO - Segundo o ONS, o apagão desta quarta teve início por
volta de 15h40, com o desligamento de 22,5% da carga de energia do sistema
interligado brasileiro e impacto principalmente no Norte e no Nordeste.
O problema nessas regiões,
no entanto, levou posteriormente um corte automático da energia também para
consumidores nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, em cidades de São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul e Distrito Federal.
A queda de energia
paralisou semáforos e também afetou a circulação de trens e metrôs. O comércio
também teve que fechar mais cedo. De acordo com a Infraero, alguns aeroportos,
como o de Salvador, sofreram com o apagão, mas a queda não afetou as operações de
pouso e decolagem, pois os geradores de energia foram acionados.
O diretor-geral do ONS,
Luiz Eduardo Barata, afirmou que houve “praticamente um colapso” do sistema no
Norte e Nordeste. Ele ressaltou, no entanto, que os impactos nas demais regiões
do país foram menores e o restabelecimento aconteceu rapidamente.
Agência
Brasil