terça-feira, 30 de outubro de 2012

Diretora comenta a crise na saúde municipal que tem sobrecarregado o Hospital Regional de Cajazeiras


Com salários atrasados, falta de médicos e consequentemente fechamento de Postos de Saúde da Família (PSF’s), o sistema de saúde municipal de Cajazeiras, que atende 15 cidades da região, está enfrentando uma das piores crises da sua história. O grave problema atingiu também outros órgãos municipais de saúde, como a Policlínica, que está com alguns setores parados, e o Instituto Materno-infantil Júlio Bandeira (IJB), o popular Hospital Infantil, que remunera seus médicos pediatras através de repasse da Prefeitura. Porém, sem o repasse, esses profissionais também pararam de atender e o Instituto não tem conseguido suprir sua demanda.

A crise que começou com o atraso no pagamento de salários, ganhou maiores proporções no início do processo de transição de governo municipal, após as eleições do dia 07 de outubro, e culminou com o fechamento dos postos. Esse efeito dominó acabou afetando também a principal casa de saúde da região, o Hospital Regional de Cajazeiras (HRC), que apesar de ser um órgão estadual voltado para casos de urgência e emergência, tem se desdobrado para atender esta parcela da população que está descoberta pelo Município. E foi para falar sobre esta situação que a diretora do HRC, a médica pediatra Emmanuelle Lira Cariry, participou na manhã desta terça-feira (30) do programa Linha de Frente, da Rádio Patamuté FM.
Emmanuelle Cariry revelou que o hospital praticamente dobrou o número de atendimentos desde que a crise foi instalada, passando de uma média de 4.000 atendimentos mensais para 7.000. Os gastos, por sua vez, também aumentaram bastante, de R$ 400.000,00 mensais (verba fixa enviada pela Secretaria de Estado da Saúde) para quase R$ 600.000,00. Segundo a diretora, com este aumento o HRC corre o risco de voltar a contrair dívidas com fornecedores, fato que não acontece desde que sua gestão se estabeleceu no início de 2011 e implantou um setor de compras mais organizado, dinâmico e comprometido.

Para a diretora do HRC, é justamente a falta de comprometimento da atual Prefeitura de Cajazeiras que agravou a situação da saúde municipal. Ela revelou que o prefeito nunca se comprometeu em assinar o novo protocolo de cooperação entre o Município e o Estado. Este protocolo estabelece um novo valor que a Prefeitura deve repassar para o HRC, substituindo o valor antigo que já está defasado. Segundo Emmanuelle Cariry, apenas Cajazeiras, entre os municípios da 9ª Gerência de Saúde, ainda não assinou o novo protocolo, e o que é pior: o secretário de Saúde sequer comparece às reuniões convocadas pela SES para discutir a situação, e não justifica as ausências.  O pacto para a instalação do Centro de Imagem, uma das principais reivindicações da sociedade cajazeirense, também não está sendo levado a sério pela gestão municipal. O Estado, por sua vez, tem cobrado a participação do Município nos acordos firmados, e estes descumprimentos podem até gerar ações na Justiça. 

Política x Saúde

A diretora do Hospital Regional de Cajazeiras observou que as cidades onde o prefeito atual foi derrotado nas eleições de outubro são as que apresentam maiores problemas, fato que pode indicar uma espécie de comportamento de retaliação política. Mais de 80% dos atendimentos de baixa complexidade realizados no HRC, ou seja, os que deveriam ocorrer nos postos de saúde, são da cidade de Cajazeiras, segundo ela.

Por outro lado, alguns dos principais médicos do HRC que haviam se afastado para as campanhas eleitorais já estão retornando às suas atividades normais para somar forças com o resto da equipe que tem se desdobrado para atender à sobrecarga que vem sofrendo o hospital. O ex-prefeito Carlos Antônio Araújo, que também é médico cirurgião do HRC, poderá trazer nos próximos dias mais um cirurgião e um anestesista para reforçar a equipe. A situação mais delicada fica por conta da maternidade, que perdeu os obstetras Bosco Fernandes, eleito prefeito de Uiraúna, e José Célio, eleito vice-prefeito de Sousa. A direção tem observado a melhor maneira de suprir seus plantões até que seja possível a contratação de novos profissionais da área.

Ao final da entrevista, Emmanuelle Cariry fez um apelo para que a população compreenda a dificuldade pela qual o Hospital Regional de Cajazeiras está passando para não deixar toda a população de 15 municípios completamente descoberta. Ela acredita que a partir do segundo mês da próxima gestão municipal a situação começa a voltar ao normal.

- Obviamente que não vou dizer para a populaça deixar de ir ao Hospital Regional porque estamos sobrecarregados. Isso não existe. O que peço é paciência, porque não é fácil realizar em um só lugar atendimentos que eram para estar sendo feitos em cerca de 30, 40 postos. Ao estabilizar a nova Prefeitura, certamente a partir de fevereiro, a situação vai voltar ao normal.

Assessoria/HRC