Uma aposta popular do Grupo Oficina
O trabalho desse grupo de forte referência na Paraíba, em especial na região do sertão polarizada pela cidade de Sousa, é basicamente sustentado pela força da atuação dos seus três atores e atrizes, em razão da presença cênica a partir do desenho que rascunharam para cada um dos quatro personagens da trama urdida pelo autor, Ariano Suassuna.
Destacar também a presença da música – voz e percussão como elemento básico e que leva cor ao espetáculo. Precisa ser utilizado nas entradas posteriores de cada personagem.
O texto foi originalmente escrito para encenação com mamulengos. Aliás, é tradicional esse enredo nas apresentações dos mamulengos, que atravessaram séculos e se enraizaram no Nordeste. Babau, João Redondo ou Calunga, a depender a sua origem do estado do Nordeste.
Torturas de Um Coração reaviva o itinerário do personagem Benedito (Reginaldo Sulino) em busca da conquista da sua amada, Marieta (Edileuza Santos). Com esperteza, truques de humor ele enfrenta os poderosos: Cabo 70 (Luiz Cacau) e Vicentão (Alexandre Formiga).
O espetáculo foi apresentado na rua, mas pela disposição das cenas na relação com o público se ajusta adequadamente em espaços fechados, seja arenas, ou teatros chamados italianos.
Neste aspecto, chama a atenção alguns “ajustes” – diria: opções que o grupo pode apostar. Vejo que a disposição da trama pode ganhar tensão e melhor relação entre atores/personagens se as cenas/embates ganharem centralidade na movimentação dos atores/atrizes, optando-se por um deslocamento e relação entre eles em circulo. Fixar um ponto (pequeno tablado) em que os atores atrizes ocupem esse mini círculo e se revezem conforme o protagonismo e crescente tensão dos personagens na cena.
Essa observação foi feita no bate-papo informal com o grupo e, confesso, é típica de quem é ator e “se mete na direção” dos outros.
Por Buda Lira
Ator, produtor e gestor cultural