Fruto da Resolução de autoria do deputado Jeová Campos de Nº 1800 - que por coincidência é do mesmo ano de nascimento do mestre e sacerdote inspirador da comenda que é o Padre Inácio de Sousa Rolim - as medalhas foram entregues em solenidade considerada histórica. O início da sessão foi marcado pela exibição de um vídeo que contou um pouco da trajetória do Padre Rolim, biografia esta que se confunde com própria história de Cajazeiras, a cidade que ‘ensinou a Paraíba a ler’. O “Padre Mestre”, como é conhecido pelos cajazeirenses, na opinião dos presentes, foi além de seu sacerdócio e plantou a semente do conhecimento, elevou a cidade e até hoje é honrado não por ser o fundador de Cajazeiras, mas por ter marcado a terra seca do sertão pelo saber e difusão de conhecimento.
Nesse sentido, o deputado Jeová Campos afirmou que a medalha é a própria atribuição de personalidade jurídica ao Padre Rolim, ou seja, o seu legado vive até hoje e o próprio padre vive em cada um dos homenageados e de tantas outras pessoas que fazem da Educação um sacerdócio e da religião o caminho da consolidação da fé e do amor ao próximo. “Tudo o que eu disser aqui é pouco, mas relevante. Porque aqui estamos resgatando uma história, vivendo o presente e projetando o futuro. A história de Padre Rolim não precisa ser resgatada porque ela nunca foi esquecida. Cajazeiras não esqueceu, a Igreja não esqueceu e eu particularmente tenho uma ligação profunda. É importante que continuemos a dar projeção a ela, até porque sua história é compatível com a de um santo”, comentou o parlamentar. Jeová, ele próprio, sabe da importância da Educação como transformadora de realidade. Filho de agricultores e de uma família pobre, foi graças aos estudos que ele conseguiu se formar em Direito, passar no concurso da UFCG para professor do Campus de Sousa e conquistar três mandatos de deputado estadual e mudar o rumo de sua vida e de boa parte de sua família.
Padre Antônio Luís Nascimento, que estava na plateia, foi surpreendido por Jeová, e deu sua contribuição ao evento. O religioso salientou que o grande homenageado ali era o Padre Rolim. “Ele está hoje bem próximo da gente. Vivo. Quem sabe ainda chegando de Recife. Em 1829, em Serrania. Padre Rolim é o grande homenageado. Isso não tira a coroa de quem está recebendo a medalha hoje. Ele é educador, mas também é um pastor de almas. Sentimos ele palpitar em nossos corações de fé. Ele foi educador, aquele que ensinou a ler e plantou a semente no coração de cada um e essa semente germinou tanto que estamos aqui reverenciando sua memória e homenageando pessoas que se inspiraram em seu legado”, disse o religioso.
Jeová explicou que Padre Rolim teve atitudes ainda jovens que o fariam se destacar na sociedade da época e que ele nunca escolheu o caminho mais simples: percebeu que tinha uma missão. “Quando os pais morreram, o primeiro ato dele não foi tocar a propriedade. Ele libertou os escravos. Abriu mão de algo que era culturalmente importante à época. Largou o seminário para vir para o sítio. Não construiu um prédio, distribuiu conhecimento e saber. A escola não existia. Os alunos chegavam e não tinha estrutura. O inverso do que se tem hoje”, lembrou Jeová para dizer que o momento ali era histórico, glorioso para os homenageados, afinal de contas, os nomes escolhidos representavam os projetos de Padre Rolim em vida.
“Meus irmãos homenageados, esse momento é de glória porque estamos vivendo a vida espiritual do Padre Rolim na concretude. E aqui são nomes grandiosos”, disse Jeová, olhando todos os homenageados com suas medalhas. Ao final, ele destacou que todos ali, justamente por carregarem a memoria do Padre Mestre, tinham a missão de continuar seus trabalhos em prol da educação e da religião. “Os que aqui estão têm o dever de respeitar esse momento de hoje. A comenda não pode ser banalizada. Sejam fiscais também, diligentes desse legado. Todo religioso, professor, eu digo que tenha o espirito libertário e construtor de esperança”, reiterou Jeová.
Em um dado momento da solenidade, Jeová afirmou que se fosse perguntado sobre quem seria educador do século na Paraíba, ele diria que seria a professora Carmelita Gonçalves. “Mulher, educadora do século. Foi a primeira resolução de todas. sim, a dela. E se eu terminasse hoje meu mandato, eu terminava satisfeito”, confessou ele, dirigindo-se à jovem de 13 anos, Iasmin, aluna da professora Carmelita e que representou o Colégio Nossa Senhora do Carmo na solenidade com um belo texto, sobre a educadora que se recupera de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) sofrido em setembro último.
Sobre a fundadora do Colégio Nossa Senhora do Carmo, inclusive, Eugênio Nóbrega, parente que representou Dona Carmelita, relembrou a todos que “tia Carmelita”, como é conhecida, foi e é focada na educação e evangelização, mas também na caridade e no fomento dos movimentos religiosos. “Nunca quis destaque. A alegria era ver os alunos encaminhados no caráter e na vida”, disse Eugênio. Mais adiante, ele destacou trechos de uma crônica do médico João Izidro, ex-aluno da professora, no qual fala da obstinação e luta da professora antes de conseguir fundar o seu colégio. “Em todo pé de serra que armava seu ensino chegava o dono do terreno e a retirava. Graças à sua perseverança, ela atingiu seus objetivos esqueceu as ferroadas da vida. Está feliz. Parabenizamos a tia Carmelita. Ela realizou um sonho que parecia uma quimera. A principal obra dela são os alunos dela em diferentes estados do país e lugares do globo terrestre”, concluiu.
O Monsenhor Agripino, no momento da entrega de sua medalha, disse sentir-se honrado. “A comenda nos faz lembrar a importância do Padre Rolim para Cajazeiras, a Paraíba e todo o país. Sua preocupação em desenvolver ensino a tal nível elevou a cidade e tornou ela conhecida em todas as províncias e de onde vinham os filhos de todos. Com sagrada sabedoria ele uniu a educação e o sacerdócio”, frisou o religioso. Dom Francisco Sales, também presente à sessão, afirmou que o Padre Rolim continua dando sentido à educação da cidade. “O Padre Rolim continua vivo entre nós. Vocês são responsáveis por isso. Vocês tem grande responsabilidade”, comentou.
Ana Costa Goldfarb, Diretora Presidente da Faculdade Santa Maria, ao receber a medalha Padre Rolim ao lado da Dra. Sheylla Nadjane, que é a atual Diretora Pedagógica da Faculdade, agradeceu a honraria frisando que é preciso fazer a diferença. “Eu me sinto honrada em estar aqui diante de tanta gente importante para a educação de Cajazeiras. Se consegui salvar e mudar a vida de alguém já fiz algo. Se como professoras fizermos alguém virar a esquerda quando ia virar a direita e isso for o melhor, eu já me sinto feliz”, disse Ana Goldfarb, frisando que foi também a Educação que mudou sua vida.
O professor doutor Antônio Fernandes, atual Reitor da UFCG, também agradeceu. “É uma honra estar aqui diante dessa constelação. Que dia esse. Rolim está em cada projeto que traz desenvolvimento para nossa cidade. Receber essa homenagem hoje da Assembleia é uma responsabilidade também”, disse ele, que foi seguido do professor Doutor e ex-Reitor da UFPB, Thompson Mariz, que afirmou ter sido a honraria da ALPB mais importante que recebeu na vida. “Recebi já a medalha Epitácio Pessoa, que é a comenda mais alta da ALPB. Mas, essa é especial porque está mais ligada à educação”, frisou ele, reprovando a falta de respeito de outros parlamentares na sessão. “A ausência de deputados aqui é um desprestígio. Se aprovaram a outorga por unanimidade, deveriam se fazer presentes num momento tão importante quanto esse”, lamentou o ex-reitor.
A Irmã Regina de Castro, diretora do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, disse que estava feliz por ser homenageada. “Padre Rolim faz parte do início dessa cidade. Ele representa a educação e a cultura. Então, eu que faço parte da educação, sou de uma congregação que tem como título ‘Irmãs escolares de Nossa Senhora’, para mim é uma alegria imensa. Só tenho a agradecer por esse reconhecimento, por tudo aquilo que até hoje as irmãs escolares vêm desenvolvendo aqui no sertão da Paraíba, em particular em Cajazeiras”, afirmou ela.
Jeová Campos acompanhou o homenageado na cobrança e disse que mesmo assim é preciso valorizar a comenda. “Estamos ricos com a presença da Educação em nossa terra. Os que aqui estão têm o dever de respeitar e perpetuar esse momento de hoje. A comenda não pode ser banalizada. Na ALPB se banalizam as medalhas. Então, sejam fiscais, diligentes para que isso não ocorra com a medalha do Padre Rolim, a que eu considero a mais importante da ALPB”, finalizou Jeová, concluindo os trabalhos chamando a todos para se unirem em oração.
O deputado federal Wilson Santiago e vários prefeitos da região, a exemplo de Chico Mendes, de São José de Piranhas prestigiaram a solenidade e falaram da importância da iniciativa de se homenagear cidadãos que se doam para ajudar os outros através da educação, partilhando conhecimentos, e da religião, fortalecendo a fé e o amor ao próximo. O Bispo da Diocese de Cajazeiras, Dom Francisco de Sales Alencar, também prestigiou o momento, embora tenha saído antes do final da solenidade por causa de compromissos com a Diocese.
O deputado Junior Araújo, coautor da iniciativa, comemorou a instalação da Assembleia em Cajazeiras, para homenagear tantas pessoas ilustres que contribuíram diretamente com o desenvolvimento da educação do Alto Sertão da Paraíba, especialmente, da cidade de Cajazeiras. “Por ser um cajazeirense nato, viver este momento é algo muito especial e muito gratificante; assistir as homenagens ao Padre Rolin, que tanto contribuiu com o município me deixou muito feliz e gratificado”, disse o parlamentar que dividiu os trabalhos da mesa e entrega das medalhas com Jeová.
Assessoria de Comunicação