Alguns, em face de qualquer
adversidade, dizem: “Deus não existe porque aconteceu algo de ruim comigo”!
Aliás, não desejamos com
esse raciocínio menoscabar as angústias de ninguém que possa estar carpindo uma
vida inteira de sofrimentos. Trabalhamos, isso sim, por minorar o calvário
desses queridos seres espirituais e humanos, ao apresentar-lhes o supino
exemplo do Cristo, que, sendo o Filho Amantíssimo do Pai Celestial, padeceu o
martírio de um mundo, até hoje, selvagem, e nele ainda mais fez brilhar Luz,
Poder e Autoridade, não para Si próprio, porém para os Seus irmãos e irmãs,
reitero.
Todavia, um gigantesco passo
para a realização pessoal é libertarmo-nos do egoísmo exacerbado, que não nos
deixa reconhecer no contentamento alheio forte impulso para a sustentação de
nossa Alma.
Aconselhei em Como Vencer o
Sofrimento (1990): Quem quiser diminuir a sua dor ajude os que sofrem.
E em meu artigo “Aplacar a
tempestade”, publicado no ano de 2013 em diversos jornais e sites, escrevi:
Diante das mais variadas situações, em que a dor, a angústia e o desespero
chegam, muitas vezes sem avisar, é imprescindível o gesto solidário das
criaturas em prestar socorro espiritual e material ao seu próximo. E, ao lado
desse apoio imediato, é preciso alimentar a força da esperança e da Fé
Realizante, que movem o ser humano a se manter sob a proteção do Pai Celestial
e o estimulam a arregaçar as mangas e concretizar suas mais justas súplicas.
Bem a propósito estas belas
palavras da poetisa norte-americana Emily Dickinson (1830-1886):
“Se eu puder evitar que um coração se parta,
“Eu não terei vivido em vão;
“Se eu puder evitar a agonia duma vida,
“Ou acalentar uma dor,
“Ou assistir um desfalecido melro
“A voltar a seu ninho,
“Eu não terei vivido em vão”.
Portanto, é hora de — com decisão — deixarmos de pôr em Deus a culpa de nossas molecagens, entre elas a de arruinar nossa residência coletiva, enquanto bizantinamente discutimos “quantos anjos cabem na cabeça de um alfinete”.
José de Paiva Netto ― Jornalista,
radialista e escritor