Ao invés disso, se essas
propostas forem aprovadas pelo Congresso como estão sendo apresentadas, haverá
não apenas prejuízos para estados e municípios, como as grandes fortunas
continuarão a gozar de privilégios e serem beneficiadas por um sistema
tributário que é altamente injusto. Essas foram as principais conclusões da
sessão especial da Assembleia Legislativa que debateu a Reforma Tributária,
realizada na tarde desta quinta-feira (19).
O autor da propositura da
sessão especial, deputado estadual Jeová Campos, abriu os debates e lembrou que
esse momento é imprescindível para melhor esclarecer uma situação que vai atingir,
de variadas formas, toda a população brasileira, além de estados e municípios.
“Eu não posso concordar e aceitar que um país tão rico e tão lindo, seja um
país da tristeza, do sofrimento, da miséria e da covardia e opressor de um
sistema de acumulação de capital, de um mercado financeiro que rouba com o
amparo da lei”, disse o parlamentar que não presidiu a sessão porque está de
licença médica, cabendo à deputada Estela Bezerra, tal missão. O deputado
lamentou ainda que um tema tão relevante como esse da Reforma Tributária não
esteja tendo os debates que um assunto tão relevante deveria ter e sugeriu que
o vídeo da sessão especial fosse encaminhado a toda a bancada federal paraibana
para ajudar os representantes da Paraíba no Congresso Nacional a melhor avaliar
os projetos de reforma que estão tramitando em Brasília.
O professor Eduardo Fagnani,
de São Paulo, fez uma profunda explanação sobre a proposta que tramita no
Congresso, inclusive compartilhando gráficos que ilustram destaques da reforma,
comparando com situações em outros países. “O Brasil está na contramão do que
acontece em outros países capitalistas. Esse é o ponto principal. Porque o
Brasil que é um dos países mais desiguais na questão de renda está há quase 100
anos atrasado em relação a perspectiva de tributação progressiva?”, questionou
o professor. Ele lembrou que o que está sendo proposto para o país, já ocorreu
na década de 30, do século passado, em outras localidades.
O professor Fagnani lembrou
que o Brasil é o segundo país mais desigual do mundo, onde 1% dos ricos ficam
com 28% da renda, perdendo apenas para o Catar, nos emirados árabes, neste
aspecto, sendo a segunda maior concentração de renda do mundo, sendo perversa
com a classe média e para os pobres porque, segundo ele, jamais se avançou no
sentido de tributar a alta riqueza e as altas rendas. “Como o país não tributa
essa classe, a tributação cai em cima dos pobres sendo excessivamente alta para
estes e residual para as camadas de alta renda”, afirmou o professor, lembrando
que há estudos que comprovam que 48% da renda dos 20% mais pobres é capturada
por impostos. “Qualquer reforma tributária para ser justa no Brasil tem que
reduzir a tributação sobre consumo e aumentar sobre a renda”, disse ele,
lembrando que essa é a proposta da reforma solidária.
Na opinião do professor, as
PEC 45 e 110, dão as costas para o que deveria ser enfrentado. “Isto porque,
isso transforma a Reforma Tributária sobre a simplificação do consumo e não
enfrenta o caso dos bancos, por exemplo, que lucram 30 bilhões por ano,
distribuem os lucros com acionistas e estes não pagam nenhum tostão de imposto.
Isso já era injusto antes desta crise e após a crise é anacrônico”, reiterou o
professor.
Ainda participaram da sessão
especial, o vereador de João Pessoa, Marcos Henriques, o Auditor Fiscal, Almir
Nóbrega, Charles Alcântara, da Fenafisco, Artur Mattos, da Fenafim, Manoel
Isidro Neto, do Sindifisco e o professor Carlos Pedrosa Junior, da UFPB
Assessoria de Imprensa