Em discurso no Congresso
do PCdoB, Lula também afirmou que o governo Michel Temer é "fraco" e,
por isso, se submete "aos interesses do mercado".
O ex-presidente Lula discursa durante o Congresso Nacional do PCdoB, realizado em Brasília (DF) (19/11/2017) - (Ueslei Marcelino/Reuters) |
O ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “não vai ser difícil” ganhar as
eleições presidenciais de 2018, mas defendeu uma mudança de estratégia dos
partidos de esquerda para barrar as propostas do governo Michel Temer no
Congresso. Durante o Congresso do PCdoB, Lula avaliou que a oposição está
fragilizada e lamentou que não tenha conseguido barrar o impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff e propostas que, na sua avaliação, representam um
retrocesso com relação aos avanços das gestões petistas, como a reforma
trabalhista.
“Eramos contra reforma trabalhista, e ela aconteceu. Éramos contra a
Previdência, e se não tomarmos cuidado, vai acontecer”, disse o petista em seu
discurso. Lula afirmou que o governo Michel Temer é “fraco” e, por isso, se
submete “aos interesses do mercado”. “Nenhum presidente fraco é respeitado.”
“Os congressistas que estão votando pelo desmonte não têm compromisso conosco.
Nunca vi tanto deputado reacionário, tanto troglodita, e se não tomarmos
cuidado vai piorar na próxima eleição”, disse.
Ele declarou que é preciso evitar a aprovação da reforma da Previdência,
que “está acontecendo concomitantemente com o desmonte da Petrobras”. “Não
tenho mais idade de ficar criando movimento ‘fora Temer’ e ele estar dentro, de
ficar gritando não vai ter golpe e ter golpe. Vamos ter que parar de gritar e
evitar que isso aconteça mesmo. Isso não pode continuar acontecendo debaixo da
nossa barba.” Segundo ele, estão querendo desmontar a Petrobras porque “eles
não são políticos, são usurpadores.” E continuou: “Eles não têm compromisso com
o povo brasileiro, querem fazer o desmonte, destruir o BNDES, a Eletrobras, a
Caixa, desmontar a cidadania.”
No discurso, Lula disse que, se não fosse pela sua teimosia e a do PT,
não teria chegado à Presidência da República. E que provou que era possível a
esquerda transformar este País, citando melhorias em salário, educação e na
própria inserção do Brasil no exterior. “Deixamos de falar ‘fino’ com os
Estados Unidos.” “Tiramos o País do mapa da fome.” E lamentou que o sonho que a
gestão petista sonhou “infelizmente está sendo aos poucos desmontado”. “Estava
tudo preparado para o Brasil se tornar a 5ª economia do mundo.”
Esquerda unida
Lula fez um discurso pela unificação da esquerda no País e de incentivo
à candidatura da deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila à presidência da
República, durante congresso do PCdoB realizado neste domingo. Ele destacou que
a candidatura de Manuela não deixa “rusgas” na relação do PT com o PCdoB.
“Manuela, mesmo quando a gente faz uma campanha que a gente não ganha,
se a gente fizer uma campanha ideologicamente bem feita, bem organizada, e a
militância for para a rua, quero dizer que vale a pena ser candidato. Da minha
parte, a única coisa que vão estranhar daqui para frente é um belo dia eu
aparecer em algum dos comícios da Manuela.”
Ele disse que apoia que outros partidos também lancem candidatos, mas
rejeitou a tese de que Geraldo Alckmin (PSDB) seria um candidato de centro.
“Não podem dizer que Lula é de extrema esquerda, que Jair Bolsonaro é de
extrema direita, e que é preciso achar o caminho do meio. Quem convive com
Bolsonaro sabe quem ele é, que é mais do que extrema direita, mas ele também
tem direito de ser candidato.”
Lula disse ainda que somente partidos com legado terão chance de vencer
a próxima eleição presidencial, e lembrou que PT e PCdoB construíram um forte
legado nos últimos 30 anos, desde a campanha presidencial de 1989, citando
conquistas do seu governo. “Por isso temos que governar o País sem querer ser
governante, a gente tem que ouvir o povo, o povo sabe, nós só temos que ter
coragem de perguntar.” Ele defendeu ainda a regulação dos meios de comunicação
e distribuição de riquezas. “Quero meios de comunicação onde todos possam se
manifestar.”
Com Estadão Conteúdo