segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Preparando a própria seputulra

CIDADES: 27/10/2008 - Imagem: Arquivo - Luís Gomes – Uma prática muito comum em cidades grandes, mas que ainda é vista como exótica em cidades pequenas, é a compra de jazigos ou a preparação de covas para sepultar os entes queridos. Mais exótico ainda, é comprar e preparar o próprio túmulo, sem falar em guardar as próprias vestes para o dia do sepultamento. Eis então que na cidade de Luis Gomes já podemos contar, no mínimo, com dois casos desses. Francisca Saturnino da Silva, 90 anos, está a mais de 15 anos com o túmulo e o retrato prontos no lugar onde será seu descanso eterno.Dona Chica, como é conhecida, conta que sempre se preocupou com o dia do amanhã e, como todo ser humano, com um lar para passar os dias de vida na sombra sem ter que viver com os móveis em cima de carros. Ela disse que a pessoa que não tem uma casa para morar não vive feliz. “Quando nova morei muito anos na casa dos outros, isso não me deixava feliz. Hoje me sinto bem por ter minha casa e por ver meus filhos todos nos seus devidos lugares”, contou. Sobre a sepultura, Dona Chica falou que a preparou antes de morrer para ter certeza que não vai ficar na “sombra” dos outros. “Temos a morte por certeza, por isso quero ter para onde ir quando eu morrer”, destacou. Já Maria Amélia da Conceição, solteira, 96 anos, foi ainda mais precavida, além do terreno, ela já mandou fazer a mortalha, o cordão de São Francisco, o veio e a grinalda. “Não quero dar trabalho a ninguém, por isso já aprontei minhas coisas”, disse. Na década de 70, um Sr luisgomense -- destes também muito precavido - ao ver seu filho muito doente, mandou comprar um caixão e o guardou na sala de casa a espera que o rapaz viesse a falecer. Anos depois, o filho se recuperou da fase crítica e o então Sr. resolveu doar a urna por não precisar mais. Passados cerca de vinte anos do ocorrido, o velho veio a falecer deixando o filho vivo até os dias atuais. Essas são as historias únicas do povo luisgomense. Da Redação com Alguiberto Morais