As águas de Coremas/Mãe
D’água para irrigação serão gradativamente suspensas para agricultores
familiares, até o limite do dia (30) de junho, quando a irrigação será proibida
até a normalização do nível do reservatório. Para outros fins que não a
agricultura de subsistência já está proibida. As mesmas regras valem para as
áreas das Várzeas de Sousa. A irrigação para Capim não pode acontecer mais. O
monitoramento de Coremas e do Açude Epitácio passa a ser diário e a gestão das
águas no estado será unificada pela AESA e ANA. A fiscalização de bombas
clandestinas será ainda mais rigorosa e haverá suspensão da liberação das águas
de Coremas para o Rio Grande do Norte, com exceção da cidade de Caicó.
Essas foram algumas das decisões
anunciadas na tarde da última quarta-feira (27), pelos dirigentes da Agência
Nacional das Águas (ANA), durante reunião na sede do órgão, em Brasília, com os
deputados integrantes da Frente Parlamentar da Água, e prefeitos paraibanos. Na
ocasião, os deputados paraibanos entregaram o relatório da Frente, que detalha
a atual situação da Paraíba em relação aos recursos hídricos e aponta caminhos
para o enfretamento da seca prolongada e cobraram da ANA uma gestão mais
rigorosa das águas no estado. “Foi uma reunião muito produtiva, onde a ANA reconheceu
as situações colocadas no relatório e a partir daí já deliberou algumas ações e
propôs outras”, destaca o presidente da Frente, deputado Jeová Campos. A
construção de uma adutora no curso do Rio Piranhas, que captaria água de
Coremas, foi uma sugestão apresentada pela ANA para resolver o abastecimento de
água das cidades ao longo do curso do Rio.
Na reunião, com os
diretores da ANA, Paulo Lopes Varella e Rodrigo Flecha, e João Fernandes, da
Aesa, o deputado Jeová Campos foi o primeiro a se pronunciar. Ele fez a defesa
do relatório, historiou como seu conteúdo foi fundamentado e apresentou algumas
sugestões de enfrentamento do problema contidas no documento que devem ter uma
participação efetiva da ANA. A suspensão da liberação de água de Coremas para o
Rio Grande do Norte foi defendida de forma imediata pelo parlamentar. “Com
exceção de Caicó e, apenas na atual conjuntura, todas as demais cidades do Rio
Grande do Norte que usam, água da Paraíba, devem procurar se abastecer do Açude
Armando Ribeiro Gonçalves, localizado em Assu, que, inclusive, tem mais água do
que o que fica em nosso estado”, alegou Jeová, que ainda defendeu a unificação
da gestão da água. As sugestões foram prontamente acatadas pela direção do
órgão.
O deputado Tovar Correia
Lima falou sobre a situação de Campina Grande, que está prestes a sofrer um
colapso, e pediu a intervenção da ANA para que isso não ocorra. Os deputados
Renato Gadelha e Ricardo Barbosa cobraram celeridade nas ações da ANA já que as
situações apresentadas são urgentes. O deputado Janduhy Carneiro solicitou a
reestruturação do DNOCS e o prefeito de Sousa, André Gadelha, denunciou a
existência de várias bombas clandestinas no açude de São Gonçalo e pediu
providência para coibir o roubo dos recursos hídricos do reservatório.
A prefeita de Monte
Horebe, Cláudia Dias, deu um depoimento estarrecedor. “O que eu, de Monte
Horebe, a mais de 700 metros de altitude, com uma cidade em cima de uma pedra,
posso fazer para achar água onde não tem. Eu estou simplesmente desesperada como
gestora. Eu não tenho dinheiro para perfurar poços e mesmo que tivesse isso não
adiantaria porque não se encontra água lá pelas questões geográficas. O que
faço com a população que precisa de água para viver?”, questionou ela.
No final da reunião, que começou
por volta das 14h e terminou no início da noite, todos reconheceram que as
ações que serão implementadas funcionam como um paliativo e que apenas a
conclusão das obras da transposição do Rio São Francisco podem resolver
definitivamente o problema. “Não haverá solução definitiva sem as obras da
transposição, mas as decisões tomadas aqui hoje são importantes na atual
conjuntura”, finalizou Jeová que, em seguida, junto com os demais deputados e
prefeitos, seguiu para o Ministério da Integração, para uma audiência, marcada
para às 19h, com o ministro Gilberto
Occhi.
Assessoria