sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Procuradoria denuncia cúpula do PMDB no Senado por organização criminosa

São alvos os senadores a Edison Lobão , Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá e Valdir Raupp, além dos ex-senadores José Sarney e Sérgio Machado

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira denúncia contra políticos do PMDB por supostamente integrar organização criminosa. São alvo da denúncia os senadores Edison Lobão (MA), Jader Barbalho (PA), Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO), além dos ex-senadores José Sarney e Sérgio Machado.

Para a Procuradoria-Geral da República, há indícios de que o grupo controlava as nomeações da Diretoria Internacional da Petrobras e, em troca, recebia propina dos diretores escolhidos para o cargo. A íntegra da denúncia ainda não foi divulgada.

Janot já denunciou ao STF formação de organização criminosa por parte de políticos do PP e do PT. Até o fim do mandato, na próxima sexta-feira, Janot deve apresentar denúncia pelo mesmo crime contra políticos do PMDB da Câmara dos Deputados. O presidente Michel Temer está entre os possíveis denunciados nesse último grupo.

As denúncias foram apresentadas ao ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF. Ele deverá elaborar um voto e submetê-lo a votação na Segunda Turma do tribunal. Se as denúncias forem recebidas, os políticos serão transformados em réus em ações penais.

Na terça-feira, o procurador-geral denunciou os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e mais seis pessoas também pelo crime de organização criminosa. O valor da propina recebida por eles e outros seis políticos do PT, segundo Janot, chegou a R$ 1,485 bilhão. O procurador-geral apontou Lula como líder e "grande idealizador" da organização criminosa, devendo inclusive ser condenado a uma pena maior por isso.

Também foram denunciados: a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT; os ex-ministros Antonio Palocci, Guido Mantega e Paulo Bernardo, além de Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara (SP); e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. De acordo com Janot, a organização criminosa praticou ações não só na Petrobras, mas também em outros órgãos públicos, como o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério do Planejamento. Janot pede ainda que eles paguem ao todo R$ 6,8 bilhões, o que inclui devolução de dinheiro desviado e reparações por danos morais e materiais.

Na semana passada, integrantes do PP também foram denunciados pelo mesmo crime. As investigações miram 30 integrantes do partido. Entre, eles, estão os deputados Arthur Lira (AL), Waldir Maranhão (MA) e Nelson Meurer (PR), além do senador Ciro Nogueira (PI) e do ex-deputado Pedro Corrêa (PE) – que é um dos delatores da Lava-Jato.

A investigação foi aberta em março de 2015, quando os primeiros inquéritos da Lava-Jato chegaram ao STF, para investigar políticos do PP, PT e PMDB. Em outubro do ano passado, a pedido de Janot, esse inquérito foi fatiado em quatro: um sobre o PP, outro sobre o PT, um terceiro sobre o PMDB no Senado e outro, sobre o PMDB na Câmara. Todos os inquéritos apuram se os partidos formaram organizações criminosas com o propósito de desviar recursos da Petrobras.


O Globo