quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Governo investe em pesquisa para desenvolver ovinocultura de corte

O Governo do Estado, por meio da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa) desenvolve pesquisa, financiada pelo CNPq, sobre os ovinos da raça Santa Inês no Brasil. O estudo tem o objetivo de recuperar as características de origem da raça e estabelecer um padrão de produção que agregue valor comercial e estimule à demanda.

A raça Santa Inês foi formada no Nordeste brasileiro nas décadas de 1950 e 1960, através do cruzamento de animais que vieram da África e Europa. O rebanho, nascido desses cruzamentos, não tinha pelagem e apresentavam maior adaptabilidade produtiva e reprodutiva ao clima seco do Semiárido. Mas, a partir da década de 1990, o uso indiscriminado de cruzamento com raças de grande porte, especializadas para lã e carne, ocasionou uma redução drástica na população de ovinos Santa Inês tradicional, ameaçando a variabilidade e a base genética inicialmente formada.

Segundo o diretor técnico da Emepa e coordenador do projeto, Wandrick Hauss de Sousa, na primeira etapa da pesquisa foi feita uma análise genética dos rebanhos, a qual foi possível identificar, pelo pedigree e por análise fenotípica, características do Santa Inês tradicional existentes na década de 1980.

“Queremos manter essas particularidades da raça para garantir um grau de eficiência produtiva e reprodutiva. Esperamos que, em quatro anos, possamos fixar uma característica diferenciada da outra linhagem. Entretanto, as características de carcaça já começam a se diferenciar, apresentando menos gordura e um sabor mais refinado. Com essa pesquisa, a pele também será mais valorizada. Pois é um produto bastante disputado no mercado internacional, sendo importante na fabricação de roupas, casacos, luvas, películas e calçados. Já os animais nascidos através de cruzamento com animais lanados apresentam uma pele de menor qualidade”, explica Wandrick Hauss.

A importância de recuperar e resguardar esse material genético está centrada no potencial econômico dos seus produtos e sua utilização para fins científicos. Os ovinos Santa Inês servem de base para produção de carne no Brasil. O alto valor adaptativo dos ovinos deslanados (sem lã), representado por sua taxa reprodutiva e sobrevivência das crias, coloca esses animais em posição estratégica, que pode ser utilizada em futuros programas de melhoramento genético.

Para Manoel Duré, presidente da Emepa, o CNPq tem sido um grande parceiro em pesquisa, e, por meio do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), através do edital que teve como objetivo identificar alternativas de genótipos adaptado de animais e plantas para o Semiárido, foi possível realizar o trabalho que terá continuidade nos próximos anos.


Secom