O Governo do Estado, por
meio da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa) desenvolve
pesquisa, financiada pelo CNPq, sobre os ovinos da raça Santa Inês no Brasil. O
estudo tem o objetivo de recuperar as características de origem da raça e
estabelecer um padrão de produção que agregue valor comercial e estimule à
demanda.
A raça Santa Inês foi
formada no Nordeste brasileiro nas décadas de 1950 e 1960, através do
cruzamento de animais que vieram da África e Europa. O rebanho, nascido desses
cruzamentos, não tinha pelagem e apresentavam maior adaptabilidade produtiva e
reprodutiva ao clima seco do Semiárido. Mas, a partir da década de 1990, o uso
indiscriminado de cruzamento com raças de grande porte, especializadas para lã
e carne, ocasionou uma redução drástica na população de ovinos Santa Inês
tradicional, ameaçando a variabilidade e a base genética inicialmente formada.
Segundo o diretor técnico
da Emepa e coordenador do projeto, Wandrick Hauss de Sousa, na primeira etapa
da pesquisa foi feita uma análise genética dos rebanhos, a qual foi possível
identificar, pelo pedigree e por análise fenotípica, características do Santa
Inês tradicional existentes na década de 1980.
“Queremos manter essas
particularidades da raça para garantir um grau de eficiência produtiva e
reprodutiva. Esperamos que, em quatro anos, possamos fixar uma característica
diferenciada da outra linhagem. Entretanto, as características de carcaça já
começam a se diferenciar, apresentando menos gordura e um sabor mais refinado.
Com essa pesquisa, a pele também será mais valorizada. Pois é um produto
bastante disputado no mercado internacional, sendo importante na fabricação de
roupas, casacos, luvas, películas e calçados. Já os animais nascidos através de
cruzamento com animais lanados apresentam uma pele de menor qualidade”, explica
Wandrick Hauss.
A importância de recuperar
e resguardar esse material genético está centrada no potencial econômico dos
seus produtos e sua utilização para fins científicos. Os ovinos Santa Inês
servem de base para produção de carne no Brasil. O alto valor adaptativo dos
ovinos deslanados (sem lã), representado por sua taxa reprodutiva e
sobrevivência das crias, coloca esses animais em posição estratégica, que pode
ser utilizada em futuros programas de melhoramento genético.
Secom