“(...) 5 Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna.
“6 Por isso, a maldição consome a terra, e os que habitam nela se tornam culpados; por esse fato, serão queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão”.
O sexto versículo, uma antevisão milenar, aponta um conflito atômico, hipótese viável numa sociedade que já deflagrou duas guerras mundiais e pouco respeito dá à terra, da qual o homem, desde o seu nascimento, retira seu sustento. Este planeta é a habitação comum dos povos. O ser humano com o seu Espírito Eterno não são criações à parte da Natureza, mas seus expoentes. A riqueza deste orbe é sua humanidade, visível e invisível, ecologicamente conciliada com a fauna e a flora, com todo o meio ambiente. A propósito, cabe lembrar o soneto do grande poeta e Fundador da Legião da Boa Vontade (LBV), Alziro Zarur (1914-1979):
“A Suprema Vergonha
Mãe Natureza, eu — Poeta — sou teu filho,
E em teu piedoso seio, calmo, ingresso.
Basta-me olhar-te, e a vislumbrar começo
A miséria sem fim do humano trilho.
Dessa contemplação eis que regresso,
E, ó Mãe Perfeita, vê quanto eu me humilho:
Só o homem maculou esse teu brilho
Com a cínica mentira do progresso!
Ante a tua bondade intraduzível,
Serenissimamente inconsuntível,
As humanas grandezas todas somem...
E, ó Mãe Natura, se algo me envergonha
Ao contemplar-te, Mãe, eis a vergonha:
É a suprema vergonha de ser homem”!
O ser humano tem-se colocado nessa posição, da qual terá obrigatoriamente de sair pelo próprio esforço e merecimento, para não se transformar em uma “espécie em extinção”. Todo dia é dia de renovar nosso destino. A vida sempre vence.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.