sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Ser humano: uma espécie em extinção

Nunca fomos contrários ao progresso; todavia, condenamos a poluição dos mananciais e das praias, a derrubada das florestas, o emporcalhamento dos campos, enfim, as agressões ao meio ambiente. Porque entendemos que a destruição da Natureza é a extinção da raça humana, pois, a todo momento, em diferentes países, o ser humano, na ânsia de enriquecer a qualquer preço, cava a própria sepultura. O Profeta Isaías já fazia no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada uma advertência nos versículos cinco e seis do capítulo 24 do seu Livro:

“(...) 5 Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna.  

6 Por isso, a maldição consome a terra, e os que habitam nela se tornam culpados; por esse fato, serão queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão”.  

O sexto versículo, uma antevisão milenar, aponta um conflito atômico, hipótese viável numa sociedade que já deflagrou duas guerras mundiais e pouco respeito dá à terra, da qual o homem, desde o seu nascimento, retira seu sustento. Este planeta é a habitação comum dos povos. O ser humano com o seu Espírito Eterno não são criações à parte da Natureza, mas seus expoentes. A riqueza deste orbe é sua humanidade, visível e invisível, ecologicamente conciliada com a fauna e a flora, com todo o meio ambiente. A propósito, cabe lembrar o soneto do grande poeta e Fundador da Legião da Boa Vontade (LBV), Alziro Zarur (1914-1979):  

“A Suprema Vergonha  

Mãe Natureza, eu — Poeta — sou teu filho,  

E em teu piedoso seio, calmo, ingresso.  

Basta-me olhar-te, e a vislumbrar começo  

A miséria sem fim do humano trilho.  

   

Dessa contemplação eis que regresso,  

E, ó Mãe Perfeita, vê quanto eu me humilho:  

Só o homem maculou esse teu brilho  

Com a cínica mentira do progresso!  

   

Ante a tua bondade intraduzível,  

Serenissimamente inconsuntível,  

As humanas grandezas todas somem...  

   

E, ó Mãe Natura, se algo me envergonha  

Ao contemplar-te, Mãe, eis a vergonha:  

É a suprema vergonha de ser homem”! 

 

O ser humano tem-se colocado nessa posição, da qual terá obrigatoriamente de sair pelo próprio esforço e merecimento, para não se transformar em uma “espécie em extinção”. Todo dia é dia de renovar nosso destino. A vida sempre vence.

 

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.  

paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com