Quem acompanha o noticiário político
certamente já percebeu como, especialmente nos últimos dias, aliados do
governador Ricardo Coutinho têm se esforçado em alimentar a mídia com dois
factoides. De um lado, reiteradas especulações de que RC deve ficar no Governo
até o final. De outro, propagar uma divisão nas oposições.
O que essa estratégia
revela? É evidente que o governador não deve ficar no mandato até o final. Ele
precisa de um mandato para encarar a maratona de processos. Quando manda
porta-vozes especularem sobre isso tem um objetivo claro: acuar a
vice-governador Lígia Feliciano, como a sugerir que deixe o Governo em abril
para disputar algum cargo, ou não terá nenhum.
Com Lígia fora da chapa,
ele pode sair mais tranquilamente do Governo e talvez operar uma eleição
indireta na Assembleia, para entronizar alguém de sua confiança num mandato
tampão de governador. Pode ser qualquer um, desde Estela Bezerra (menos) até
João Azevedo ou Waldson de Sousa (mais). É tão simples e primário, que até o
deputado Damião Feliciano já entendeu a parada.
E quando segue tentando
propalar divisão na oposição, especialmente através do deputado Hervázio
Bezerra, que se especializou no assunto, revela o que tem de mais frágil: o
governador sabe que, na ausência de candidato competitivo para disputar em
2018, sua última alternativa é tentar dividir a oposição para buscar depois uma
fração do que restou.
Nos dois casos, o
governador aposta no imponderável, e provavelmente imagina que ninguém seja
capaz de manjar sua estratégia. Talvez não tenha se apercebido ainda que está
em final de mandato, seu poder perde força a cada dia, e pode não contar com as
pedras que contava quando iniciou o Governo. Sem perspectiva de poder, já não
depende apenas de si para decidir o campeonato, eis o fato.
Helder Moura