Exaltar a face cordial da Economia
Um caminho econômico em que sejam garantidas a todos condições dignas de sobrevivência não é pensamento nefelibata. Sempre um bom termo pode surgir quando os indivíduos nele lealmente se empenham. Bem a propósito este ilustrativo aforismo do padre português Manuel Bernardes (1644-1710), autor de Pão partido em pequeninos: “Com bom regulamento pode até o pouco bastar para muitos; sem ele, nem a poucos alcança o muito. Todo excesso, nos particulares, causa, no comum, penúria. De dois que estão no mesmo leito, se um puxa muito a coberta para si, é forçoso que o outro fique descoberto”.
De maneira alguma estou propondo que as migalhas que caem das mesas fartas sejam a base da existência dos que vivem na miséria. Não falo de sobras; porém, da consciência honesta, que não pode eternamente admitir que o seu bem-estar permaneça estabelecido sobre a fome dos deserdados. Isso é Evangelho puro de Jesus; é a essência da mensagem dos Livros Sagrados e da Regra de Ouro das mais diversas culturas; é a voz de tantos notáveis, religiosos ou ateus, que não podem conceber que, no terceiro milênio, ainda haja populações submetidas à pobreza num planeta construído pela Bondade de Deus.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.