Após menos de 100 dias no
cargo, Fernando Segovia é substituído pelo delegado Rogério Galloro
Mal assumiu o Ministério
da Segurança e o ministro Raul Jungmann mostrou a que veio. Diante das
polêmicas envolvendo declarações e vazamento de depoimentos recentes na Polícia
Federal (PF), trocou o comando do órgão. Demitiu o titular, Fernando Segovia, e
apresentou ao presidente Michel Temer a indicação do delegado Rogério Galloro
para a direção-geral da PF. A decisão foi anunciada horas depois de Jungmann,
então ministro da Justiça, ser empossado no novo ministério.
Segovia vinha enfrentando
uma série de desgastes desde que assumiu o cargo. Em entrevista à agência
Reuters, no início do mês, declarou que a tendência era que a investigação
contra o presidente Michel Temer, no caso do Decreto dos Portos, fosse
arquivada por falta de provas. Falou, diante da sua posição, mais do que
deveria.
Desde então, o
diretor-geral da Polícia Federal passou a lidar com a pressão para deixar o
cargo. Foi intimado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto
Barroso a prestar esclarecimentos sobre o caso. Até a procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, entrou na história. Pediu ao Supremo que, por meio de
uma ordem judicial, impedisse Segovia de dar declarações sobre inquéritos em
curso sob o risco, inclusive, de perder o cargo.
Na Câmara dos Deputados, a
demissão do superintendente da PF surpreendeu até mesmo o presidente da Casa,
Rodrigo Maia, do DEM do Rio de Janeiro. Apesar de fazer elogios ao delegado,
admitiu que ele possa ter “morrido pela boca”.
“Não é uma prática dele
falar demais. Falou uma vez, talvez esteja pagando o preço por isso. Eu acho
que ele tinha independência para trabalhar como certamente o próximo
diretor-geral terá essa independência para trabalhar. Isso que é importante:
cada órgão e cada poder tenham as condições de forma independente de realizar a
sua função”
O nome de Rogério Galloro
tem apoio da Associação dos Delegados da Polícia Federal e esteve na lista
tríplice enviada a Temer em 2017, quando Segovia então foi escolhido. O futuro
diretor-geral da Polícia Federal está na Secretaria Nacional de Justiça do
Ministério da Justiça e integra o Comitê Executivo da Interpol.
De Brasília, Hédio Júnior