Em 2017, rombo previdenciário chegou a R$
268,79 bilhões
O Brasil poderia economizar cerca de R$ 1
trilhão até 2028 com a aprovação da reforma da Previdência proposta pelo
governo federal. A informação é da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
que mostra que, com esse montante, seria possível construir 221,6 mil escolas
ou 40,7 mil hospitais.
Em relatório divulgado recentemente, a
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirma que até
2050, se o sistema continuar operando da forma como está, o Brasil pode ter 17%
do PIB comprometido só para pagar aposentadorias.
“Claro que esses números do relatório são
apenas estimativas. Então, não vão acontecer exatamente essas proporções que
estão na pesquisa, mas é muito importante observar a tendência desses números.
Ou seja, se continuar como está, de fato, o gasto com previdência no Brasil
deverá absorver uma proporção muito grande dos gastos”, aposta o especialista
em finanças Marcos Melo.
Atualmente, ainda segundo o relatório, o
país já gasta 9,1% do PIB com pagamento de aposentadorias. Para o economista
Otto Nogami, se continuar nesse ritmo, as despesas com a previdência
comprometerão uma parcela cada vez maior dos investimentos do governo.
“À medida que isso não é feito e é deixado
em segundo plano, lógico que, com o passar do tempo, o problema tende somente a
se agravar. Infelizmente chegamos a um momento de crise, de recessão, onde o
aspecto arrecadatório do governo despenca. Então, assustadoramente, quando a
gente pega os dados com relação a 2017, o pagamento de benefícios chega a 48%
da receita líquida do governo. É um aspecto que vulnerabiliza as contas do
governo, imaginando quase 50% indo só para o pagamento de aposentadoria”,
avalia Nogami.
Rombo em 2017
A Secretaria da Previdência do Ministério
da Fazenda apresentou recentemente os números relativos ao ano passado. De
acordo com o balanço, o deficit previdenciário chegou a R$ 268,79 bilhões,
rombo 18% maior do que o registrado em 2016. O resultado é a soma dos prejuízos
do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e dos Regimes Próprios dos
Servidores Públicos (RPPS) da União.
O economista do Departamento de Assuntos
Fiscais e Sociais do Ministério do Planejamento, Arnaldo Lima, explica por que
essa tendência demonstra a necessidade de reforma no sistema previdenciário.
“Nós temos um déficit previdenciário, ou
seja, as despesas são maiores do que as receitas. Incluímos milhões de pessoas
nos últimos 17 anos, aumentamos o valor do benefício de R$ 274 para R$ 1.200
nesse período e a duração do benefício aumentou em quatro anos. Ou seja,
estamos incluindo mais pessoas, por mais tempo, com um valor maior”, disse o
especialista.
Por Jalila Arabi e Marquezan Araújo