quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Hospitais da Rede Ebserh disponibilizam tratamento para a tuberculose

Doença é contagiosa, pode ser assintomática e tem tratamento e cura

Brasília (DF) – O Dia Nacional de Combate à Tuberculose (17/11) objetiva destacar a doença no calendário de saúde nacional, alertando sobre sua prevenção, sintomas e tratamento. Trata-se de uma doença infecciosa e transmissível causada bacilo de Koch que, apesar de afetar prioritariamente os pulmões, pode ocorrer em outras partes do corpo (tuberculose extrapulmonar). O tratamento está disponível via Sistema Único de Saúde (SUS) nos 41 Hospitais Universitários Federais (HUFs) sob administração da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

A transmissão da doença é de pessoa a pessoa. Ao falar, espirrar ou tossir, o doente expele pequenas gotas de saliva contaminadas que podem ser aspiradas por outro indivíduo. Outros fatores que gerem baixa resistência orgânica também contribuem para o estabelecimento da doença. A vacina BCG disponibilizada pelo SUS protege crianças das formas mais graves da doença.

No Ambulatório de infectologia do Hospital Universitário Júlio Bandeira, da Universidade Federal de Campina Grande (HUJB-UFCG/Ebserh), o atendimento é maior a pacientes com tuberculose devido ao alto índice de pessoas com a doença na região. O infectologista Fernando Chagas destaca que o tratamento da tuberculose pulmonar inicialmente é feito nas unidades básicas de saúde, mas, em casos de alergia ou intolerância, alguma alteração do sistema respiratório que necessite de uma avaliação mais criteriosa, bem como outras complicações em decorrência da doença, o paciente é encaminhado para o HUJB.

O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM/Ebserh) é referência no tratamento de tuberculose, quer seja em paciente imunocompetente ou nos imunocomprometidos (portadores de AIDS ou com algum tipo de câncer, por exemplo). O HC é cadastrado para tratamento da tuberculose multidroga-resistente, tendo como referência técnica para o tratamento, o médico infectologista, Rodrigo Molina, e por isso, os casos desse tipo são direcionados a esse hospital. Recentemente, o HC-UFTM recebeu reconhecimento da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde por ter alcançado 100% de cura dos pacientes com tuberculose e multidroga-resistente.

O Ambulatório de Tuberculose do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes/Ebserh), é referência no estado para diagnóstico de casos extrapulmonares e tratamentos das formas resistentes, além de casos especiais de tuberculose, ou que por algum motivo não puderam ser manejados na atenção primária à saúde devido a sua complexidade.

A equipe do ambulatório do Hucam, no último dia 8 de novembro, teve um trabalho premiado no Seminário sobre Eliminação da Tuberculose e Doenças Determinadas Socialmente (SEDDS), evidenciando a importância do procedimento de indução de escarro sob condições adequadas de biossegurança, no diagnóstico da tuberculose pulmonar em pacientes com dificuldade em expectorar.

“Os resultados demonstraram que a indução de escarro para diagnóstico de tuberculose pulmonar tem se mostrado como uma alternativa factível e de baixo custo comparada ao procedimento de broncofibroscopia”, destaca a enfermeira Geisa Fregona Carlesso, que integra a equipe do ambulatório. Ela enfatiza que volumes reduzidos de secreção respiratória devem ser valorizados para efeito diagnóstico, demonstrando positividade no Teste Rápido Molecular (TRM) e de cultura. “Amostras com pouco volume e de aspecto hialino devem ser valorizadas”, afirma.

Sintomas - De acordo com Rodrigo Molina, a principal manifestação clínica da doença é uma febre diária no final da tarde e tosse constante por mais de duas semanas. “Esse paciente é classificado como um ‘sintomático respiratório’, então é feita a investigação para identificar a doença”. Ele explica que outro sintoma é a perda de peso, levando ao emagrecimento intenso e, ainda, uma lesão típica localizada em um terço superior do pulmão direito, visível no exame de Raio X em pacientes com tuberculose pulmonar.  “Vemos também uma alta prevalência em pacientes com HIV, por isso há um cuidado maior em pacientes imunocomprometidos, devendo ser feita a pesquisa de tuberculose, mesmo sem manifestação clínica”, disse Molina.

Para o médico Fernando Chagas (HUJB), os sintomas devem ser relatados na consulta para a devida investigação, diagnóstico da doença e início do tratamento, livrando o paciente dessa doença que muitas vezes é tão estigmatizante. “Recentemente, no HUJB, uma adolescente foi atendida com lesões no pescoço. Acreditava-se ser outra doença infectocontagiosa. Após investigação, ela foi diagnosticada com tuberculose ganglionar, uma das formas de tuberculose extrapulmonar. A adolescente está sendo acompanhada pelo hospital”, relatou.

“Também no HUJB, uma paciente de 70 anos, com tuberculose pulmonar, recebeu alta, mas ficou com os pulmões prejudicados ao ponto de, infelizmente, necessitar de oxigênio suplementar para o resto da vida. Podemos diagnosticar de forma precoce, evitando casos como esse ou ainda, o indivíduo perder a vida diante de uma doença que tem cura, tem tratamento e que conseguimos de fato livrar o paciente do bacilo”, explicou Chagas.

Tratamento - O tratamento é à base de antibióticos, durando, no mínimo, seis meses. É gratuito e está disponível no SUS. Com o início da terapia, a transmissibilidade tende a diminuir gradativamente e, em geral, após 15 dias, é muito baixa. Na tuberculose multidroga-resistente, o tratamento pode ir até um ano e meio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o tratamento supervisionado, como estratégia de controle da doença.

Sobre a Ebserh -Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.


Por Rosenato Barreto e Danielle Campos

Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh