Feminista assumida, defensora dos direitos das mulheres –
Francilma Mendes que foi servidora do município de Cajazeiras, como
Coordenadora do Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), teve seus
direitos violados após expor seu entendimento no tocante à política nacional,
foi ai que outro servidor retrucou, dando inicio as agressões verbais.
Em defesa do agressor, o prefeito José Aldemir (PP), optou
por exonerar a referida servidora. Abaixo, Francilma emitiu uma nota de
esclarecimento, expondo todo o ocorrido.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Durante os últimos dois anos e três meses em que estive na
coordenação do Centro de Referência de Atendimento à Mulher - CRAM, mais de
trezentas mulheres foram atendidas neste serviço. Mulheres vítimas das mais
diversas formas de violência, cada uma com sua complexidade, todas acolhidas e
encaminhadas à Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência. O Cram
faz um trabalho de acompanhamento a vítima, prestando orientação jurídica,
assistência social e psicológica durante todo o processo em andamento.
Após a
denúncia, a vítima precisa ser acolhida e encaminhada aos diversos serviços da
rede para que sejam atendidas as suas necessidades. Vencer a violência não é
fácil, principalmente se não tiver assistência necessária, um serviço de
proteção que realmente funcione como deveria. Existe uma uniformização na
política nacional de enfrentamento a violência contra as mulheres que diz que o
CRAM deve funcionar com uma coordenação, com duas equipes técnicas, dois
agentes administrativos, duas atendentes, dois vigilantes e um motorista.
Durante esse tempo, trabalhamos com muitas dificuldades, não tínhamos
motorista, carro exclusivo, agente administrativo e nem um profissional de
segurança para fazer proteção as vítimas e a equipe, vale ressaltar ainda que
no momento encontra-se sem assistente social. Mesmo com dificuldades,
realizamos um trabalho com eficiência, tanto é que levamos o CRAM de Cajazeiras
a ser referência em todo estado da Paraíba. O centro passou a ser visto como um
órgão que realmente faz enfrentamento a violência contra a mulher, procurado
por instituições de ensino, a exemplo da Universidade Federal de Campina Grande
que enviou alunos à realizar projetos de extensão em parceria conosco, além de
outras instituições em busca de estágios. O trabalho do CRAM ganhou a confiança
da Rede de Atendimento, vários casos foram e são encaminhados pelos distintos
setores a este centro. Minha relação com os organismos que compõem a referida
rede sempre foi muito boa, mantive durante este período uma relação de respeito
e confiança com todos os membros de conselhos e outras representações. Atuei
com muita responsabilidade junto ao Conselho Municipal de Direitos das
Mulheres, discutindo e encaminhando as demandas com as demais companheiras.
Com todas essas
referências, venho inicialmente negar uma matéria que circulou no dia 04 de
abril, a qual coloca que eu estava desgastada no trabalho. Isso não procede! É
muito difícil não ter algum desentendimento dentro de uma gestão pública ou de
uma equipe de trabalho, isso é natural do ser humano, principalmente quando se
tem responsabilidade e zelo pelo bem público e tem que conviver com pessoas que
não partilham desses entendimentos, pessoas desatentas com os direitos dos
usuários, como por exemplo, ter na gestão uma coordenadora que se tranca em uma
sala para assistir tutorial de maquiagem ao invés de atender as pessoas de forma humanizada, um
vigilante que vigia a vida dos outros mas não vigia o seu trabalho, uma chefe
que pratica assédio moral com postura autoritária. Acredito eu que estas
pessoas sim estão em desacordo com a função que ocupam, mas, embora eu não
concorde com esse tipo de comportamento, essas são questões individuais de cada
pessoa. Não me associo a pessoas assim, como também não me alinho a pessoas que
tem comportamento machista, misógino, homofóbico e racista, mesmo tendo que
conviver durante um longo período da minha vida simplesmente pelo compromisso
com a política pública para as mulheres. Todos e todas são sabedores(as) que
nos últimos dias fui vítima de violência praticada por um cidadão chamado Joel
Santana em rede social. Eu estava em um grupo de WhatsApp dialogando de forma
respeitosa com membros do grupo quando fui agredida de forma covarde por Joel,
proferindo palavras grosseiras e ofensivas a minha dignidade. Como se não
bastasse, em seguida surge um perfil fake em defesa de Joel escrevendo um texto
falando mentiras absurdas da minha vida pessoal dizendo, inclusive, que
abandonei um marido doente quando sou separada há quase 10 anos.
Quero deixar claro que nunca tive uma relação pessoal com
Joel Santana, apesar de trabalhar na mesma gestão, não compartilhamos do mesmo
pensamento. Sou uma pessoa que há muitos anos atuo no combate a violência
contra a mulher e a pessoa humana, sou de esquerda e sempre combati as
injustiças contra as minorias, sempre levantei bandeiras em defesa das
mulheres, dos negros, gays, lésbicas, pobres e tantas outras denominações
perseguidas e discriminadas nessa sociedade. Sei que muitas mentiras ainda vão
surgir com tentativas de manchar a minha honra e comprometer minha imagem, mas
vou combater todas as inverdades e responsabilizar na justiça todos os
envolvidos. Quero agradecer mais uma vez a minha família pelo apoio e aos
companheiros e companheiras de caminhada pela solidariedade a mim dedicada.
Minha gratidão. A minha luta não termina aqui. Seguirei firme e forte
combatendo a violência, o machismo e todos os tipos de discriminação e
preconceito. Serei o que sempre fui, acreditando e defendendo as minhas
bandeiras. Lutar é preciso!
Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo - Olga
Benário
Cajazeiras,
Paraíba - 05 de abril de 2019.
Francisca
Francilma Mendes Pereira