sábado, 10 de maio de 2025

Nubank pode ser obrigado a mudar de nome: entenda a proposta do Banco Central

Medida deve afetar estratégias de negócios e posicionamento de marca das empresas; Nubank diz que acompanha o caso e tem todas as licenças

No início de fevereiro, o Banco Central (BC) abriu a Consulta Pública 117/2025, que tem gerado repercussão nas redes sociais. A proposta é polêmica: proibir que instituições que não sejam, de fato, bancos utilizem termos como “bank” ou “banco” em suas marcas. Se aprovada, a medida pode obrigar fintechs como o Nubank a mudar de nome. A empresa informou que acompanha o caso, espera uma “ampla discussão” e conta com todas as licenças para oferecer seus produtos.

O tema faz parte de uma proposta de Resolução Conjunta com o Conselho Monetário Nacional (CMN). Caso avance, instituições reguladas pelo BC seriam obrigadas a utilizar, em sua denominação, termos que estabeleçam clara referência à sua autorização de funcionamento. Isso significa que só instituições de pagamento poderão usar o termo “pay”, assim como apenas fintechs poderão se apresentar como tal.

A medida propõe mudanças não apenas no nome fantasia – usado para fins comerciais e de marketing –, mas também no nome empresarial, que é a denominação oficial registrada legalmente. Além disso, as instituições teriam que alterar seus endereços eletrônicos e a forma como apresentam sua marca ao público.

Vale lembrar que a proposta ainda não foi aprovada e a Consulta Pública 117/2025 segue aberta. Comentários e sugestões podem ser feitos até 31 de maio pelo site do Banco Central. No sistema, já é possível conferir 400 contribuições.

Nubank, C6 Bank e Banco Inter vão mudar de nome?

Um dos casos mais emblemáticos do mercado é o do Nubank, que atua sem licença de banco, mas já soma mais de 114 milhões de clientes. Ao E-Investidor, a empresa disse que acompanha as discussões a respeito do uso de termos relacionados à palavra “banco” na marca de instituições de pagamento, financeiras e correspondentes bancários.

“Acreditamos que qualquer regulação nesse sentido será estabelecida após ampla discussão e preverá prazo suficiente para que todas as instituições afetadas avaliem diligentemente toda a gama de hipóteses possíveis para seu devido cumprimento”, afirmou o Nubank, destacando que conta com todas as licenças necessárias para oferecer os produtos atualmente disponíveis em sua plataforma.

Entre as instituições que atuam de forma totalmente digital e também são de grande porte, os nomes do C6 Bank e do Banco Inter surgiram em discussões nas redes sociais como possíveis afetados pelas novas regras propostas pelo BC. Ao E-Investidor, no entanto, as empresas explicaram que não seriam impactadas se as medidas fossem aprovadas.

“O Inter possui uma licença emitida pelo Banco Central para atuar como banco desde 2008. A Consulta Pública do BC tem como alvo as fintechs e, por isso, não deve afetar o Inter”, destaca a instituição.

O C6 Bank, por sua vez, informou que entrou em operação em 2019 já com autorização de funcionamento do Banco Central para funcionar como banco múltiplo.

Tanto o Nubank quanto o Inter e o C6 são instituições que operam de forma digital e estão entre as 15 maiores do Brasil em número de clientes, segundo dados mais recentes do Banco Central.


Por Beatriz Rocha