Ex-gestor nomeado no governo Bolsonaro já foi preso na Operação Overclean e agora é um dos principais investigados da Metafanismo
O nomeação de Lobão foi patrocinada pelo vereador de Salvador Alexandre Aleluia (PL), de quem foi assessor na Câmara Municipal da capital baiana. Durante seu período à frente da coordenadoria estadual do DNOCS, Lobão ganhou influência política, gerenciando contratos milionários e atuando na execução de projetos financiados por emendas parlamentares.
O nome de Lucas Lobão veio a público nacionalmente em 2024, quando se tornou um dos alvos da Operação Overclean. A investigação da PF apontou que uma organização criminosa ligada ao DNOCS movimentou R$ 1,4 bilhão em contratos fraudulentos, sendo R$ 825 milhões apenas no último ano da operação. O esquema envolvia empresas de fachada que superfaturavam obras e serviços financiados por emendas parlamentares.
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 162,4 milhões, além da apreensão de aeronaves, imóveis de luxo, barcos e veículos pertencentes aos envolvidos. No inquérito, Lucas Lobão foi descrito como um dos líderes da organização, atuando na intermediação de contratos entre o setor público e empresas privadas beneficiadas pelo esquema.
Contudo, antes mesmo da Overclean, a gestão de Lucas Lobão já havia sido marcada por denúncias. Em 2021, a Controladoria-Geral da União (CGU) apontou um sobrepreço de R$ 192 milhões na compra de 470 mil reservatórios de água de polietileno pelo DNOCS. O relatório identificou indícios de irregularidades graves e recomendou a suspensão do pregão eletrônico, que poderia gerar um prejuízo milionário aos cofres públicos.
Diante do escândalo, Lobão foi exonerado do cargo em 22 de setembro de 2021. Na época, apesar da pressão política, ele manteve influência nos bastidores, articulando contratos para empresas do setor de infraestrutura, como a Allpha Pavimentações, uma das envolvidas nos esquemas investigados pela PF.
Operação Metafanismo
Mesmo após deixar o DNOCS, Lucas Lobão seguiu sendo alvo da Justiça. Agora, na Operação Metafanismo, a PF investiga um esquema de desvio de máquinas e implementos agrícolas que deveriam ter sido entregues a associações de agricultura familiar.
Segundo as investigações, os equipamentos eram desviados para terceiros por meio de processos administrativos fraudulentos. Documentos oficiais indicavam que os bens haviam sido repassados a associações rurais, mas a maioria dessas entidades nunca recebeu os equipamentos e sequer tinha conhecimento do processo.
A PF cumpre mandados de busca e apreensão para rastrear o destino dos bens desviados e aprofundar a apuração da estrutura da organização criminosa. Lobão é apontado como um dos articuladores do esquema, utilizando sua rede de contatos e influência para garantir a operacionalização do desvio de recursos.
Por Metrópoles