domingo, 24 de abril de 2011

Bastidores da campanha de Silvio Santos para presidente República de 1989


Veja o programa do horário eleitoral na televisão de Silvio Santos, candidato a presidente em 1989 pelo PMB. O dono do SBT gravou todos os programas do primeiro turno de uma vez só, nos estúdios da emissora na Vila Guilherme em São Paulo. A candidatura do apresentador acabou impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Saiba mais sobre a disputa: http://noticias.uol.com.br/especiais/eleicoes-1989. Leonel Brizola (PDT), o terceiro colocado no primeiro turno - e que por pouco não chegou ao segundo turno -, batia sem dó no dono da Rede Globo, Roberto Marinho, que fez o que pôde para evitar que seu adversário chegasse à Presidência da República, segundo relatos do próprio vencedor, Fernando Collor.

Mesmo os candidatos dos pequenos partidos acreditavam enfrentar quixotescamente seus moinhos de vento. Ronaldo Caiado, então no minúsculo PSD, obteve menos de 1% dos votos, mas hoje relembra: "Meus inimigos eram... o Lula".

A eleição de 1989 foi solteira: ao contrário do que ocorreu a partir de 1994, a eleição presidencial não foi acompanhada de disputas para governador, senador e deputado. Essa situação favoreceu o surgimento de inúmeros candidatos - muitos não interessados na Presidência, mas apenas para tornar o nome e o partido mais conhecidos nacionalmente para disputas posteriores.

Concorreram 22 candidatos, sem contar o empresário Silvio Santos, que, na última hora, tentou entrar na disputa pelo PFL. Sem conseguir, buscou abrigo no obscuro PMB, no lugar de Armando Corrêa, que renunciou à disputa. A candidatura de Silvio, articulada por aliados do presidente José Sarney, acabou impugnada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que encontrou problemas legais no PMB e excluiu o dono do SBT da corrida presidencial.

Collor fez campanha associando Lula ao mundo comunista, aproveitando-se da queda do Muro de Berlim, menos de uma semana antes do primeiro turno. No segundo turno, a campanha de Collor exibiu no horário eleitoral na TV o depoimento de Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, acusando o petista de tê-la pressionado para abortar a filha que esperava do então metalúrgico. Collor considera hoje um erro ter colocado o depoimento. E Lula justifica a aproximação com o ex-rival. "Minha relação com o Collor é a de um presidente com um senador da base (...) Não tenho razão para carregar mágoa ou ressentimento. Quando o cidadão tem mágoa, só ele sofre. Quando se chega à Presidência, a responsabilidade nas suas costas é de tal envergadura que você não tem o direito de ser pequeno", afirmou o petista em entrevista à Folha de S. Paulo no mês passado.

*As entrevistas foram concedidas aos jornalistas Haroldo Ceravolo Sereza (Collor, Maluf e Afif), Fernando Rodrigues (Sarney), Piero Locatelli (Caiado) e André Naddeo (Fernando Gabeira). Colaborou na edição Rodrigo Bertolotto acusações entre os candidatos, gritarias em debates e muita promessa de moralização.