A Associação dos Plantadores
de Cana da Paraíba (Asplan) está empenhada na revitalização das Áreas de
Preservação Permanente (APPs), Matas Ciliares e nascentes da Bacia do Rio
Gramame. Nesta terça-feira (21) um grupo de trabalho formado pela direção do
campus de Pedras de Fogo do Instituto Federal da Paraíba – IFPB, pelas
prefeituras de Pedras de Fogo e de Juripiranga, Secretaria de Meio Ambiente de
João Pessoa (Seman-JP) e Asplan, reuniu-se no IFPB de Pedras de Fogo para
tratar de parcerias que visem à preservação do Meio Ambiente e à Educação
Ambiental de todo o Litoral Sul da Paraíba, região de grande influência da
cultura da cana-de-açúcar. A Asplan agora é parceira do IFPB em um projeto
piloto de recuperação das APPs na Bacia do Rio Gramame e fomentará ações para
condução da produção de compostagem e plantio de mudas nativas nas propriedades
de fornecedores de cana ligados à Associação. O único desafio agora é recuperar
as áreas invadidas, que são o ponto de tensão e também de partida de todo o
projeto.
Segundo o Diretor Técnico da
Asplan, Neto Siqueira, o projeto uniu o útil ao agradável porque os
fornecedores de cana precisavam fazer essa revitalização, mas também queriam
orientação e aval técnico de um órgão federal, a exemplo do IFPB. “Em 2020 esse
será um dos pilares da Asplan, que é a educação ambiental e a revitalização
dessas áreas. Vislumbramos, na reunião, essa restauração através dessa parceria
que também inclui prefeituras que precisam dar um destino ao seu lixo orgânico
e estão focadas na coleta seletiva e na produção de compostagem de grande
qualidade para ser utilizada no plantio das mudas nas APPs”, comentou Neto.
As localidades da Bacia do
Rio Gramame que serão revitalizadas foram apontadas em um estudo da
Universidade Federal da Paraíba – UFPB no final do ano de 2018. A pesquisa foi
encomendada pela Cagepa e Asplan e outras entidades que foram alertadas pelo
Ministério Público Federal – MPF. “Fomos movidos por uma ação do MPF. Na época
ficamos surpresos e propomos um estudo que foi feito pela UFPB. O MPF apontava
os produtores de cana e as indústrias da região como os principais poluidores
do Rio. No entanto, o diagnóstico da UFPB mostrou que não há resíduos de
agrotóxicos nas águas e nem nas margens ou nascentes. O que retirou o peso da
responsabilidade da poluição dos produtores de cana e colocou nas indústrias,
visto que havia metais pesados presentes do Rio”, explicou o diretor técnico da
Asplan.
Ainda assim, os produtores
fornecedores de cana ligados à Asplan vão fazer a recomposição de suas APP’s,
áreas destruídas, na realidade, por invasores de terras que se fixaram nas
localidades e hoje produzem macaxeira, batata, e outras culturas de
subsistência. “Temos um problema sério que são as invasões. E temos muitas. Só
em uma fazenda tem 18 invasões. Eles, os invasores, entendem que área de APP
não é de proprietário, é de governo, e invadem e destroem”, explicou o diretor
técnico da Asplan, Neto Siqueira, salientando que no projeto que o IFPB está
formulando, o primeiro ponto a ser revitalizado serão as áreas que ainda não
foram invadidas.
“Vamos reflorestar,
repovoando com a ajuda dos órgãos, que vão nos mostrar qual é a vegetação
certa, do clima certo e, depois, quando a Justiça se pronunciar a respeito das
áreas invadidas, também faremos a revitalização dessas áreas após elas sejam
desocupadas.
O projeto: compostagem,
mudas, plantio, recomposição
O projeto de revitalização
das APPs da Bacia do Rio Gramame consiste no plantio de mudas nativas conforme
o atual Código Florestal. Para isso, o IFPB aglutinou interesses e reuniu
prefeituras também da região no projeto. Elas entrarão fornecendo o lixo
orgânico para a produção de compostagem a ser usada nas APPs e o IFPB com o
projeto e os estudantes que fabricarão esse adubo orgânico. “Vamos pegar o
resíduo orgânico da poda, do resto de feira, etc, para fazer a compostagem que
será usada para resgate de APP, mata ciliar. E já temos o projeto ‘Seu resíduo
me alimenta’, que trabalha com a produção de adubo orgânico e a educação
ambiental”, explicou o Diretor Geral do campus do IFPB de Pedras de Fogo,
Frederico Campos.
Além das prefeituras, também
foi convidada a participar a Secretaria de Meio Ambiente de João Pessoa
(Seman-JP), que fornecerá as primeiras mudas para o projeto. Essas mudas, por
essa vez, serão cultivadas no Parque Ecológico Silvio Milanez, localizado na
cidade de Pedras de Fogo. “Lá os estudantes bolsistas conduzirão a compostagem
e o cultivo das mudas que serão plantadas nas APPs”, salientou o diretor do
IFPB de Pedras de Fogo, Frederico Campos.
O secretário da Seman,
Anderson Fontes, destacou durante a reunião que o Parque será um instrumento
importante para a conscientização da importância do lixo entre as pessoas da
cidade. “O parque se torna aproveitável porque a realidade é que não se tem onde
comprar adubo orgânico, bem como o próprio lixo orgânico para a produção da
compostagem. Mas, quando se acha o caminho a própria população produz para
você, bem como as associações”, disse Anderson.
O prefeito de Juripiranga,
Paulo Dália, ressaltou que a situação das pequenas cidades e de seus lixos é
premente e que o projeto é uma solução que deve ser duradoura. “O MPF pressiona
e o que precisa ser feito é criar uma área piloto em que se faça tudo o que
deve ser feito. Temos uma série de mudas e podemos produzir sua própria
compostagem. A ideia é incentivar o comercio de resíduos e depois vamos montar
uma unidade de triagem para talvez instalar uma fábrica de adubo orgânico”,
contou o prefeito. Ele adiantou que para uma boa condução do projeto, porém, é preciso
capacitar pessoal. “A educação é fundamental para saber o que se fazer com esse
resíduo, capacitando para trabalhar”, frisou Paulo.
A preocupação com a educação
ambiental e a capacitação também é preocupação do prefeito de Pedras de Fogo,
Dedé Romão. “A gente está com essa preocupação da importância da separação do
lixo. Estamos fazendo um trabalho pesado de conscientização. É um desafio, mas
a prefeitura tem feito tudo que está ao seu alcance. Distribuímos baldes na
feira, damos EPI. Queremos um projeto que dure. Não adianta a gente pensar num
projeto que ele dure apenas alguns meses”, disse ele, agradecendo a parceria da
Asplan. “Fico feliz com a presença dos produtores de cana para buscar saídas
para ter soluções que aprimorem essa problemática do lixo e, além disso, ajudar
a recuperar o meio ambiente”, disse Dedé, que foi à reunião acompanhado da
coordenadora de Educação Ambiental de Pedras de Fogo, Josineide Macedo.
Agora, o próximo passo é em
direção a selecionar o pessoal capacitado para atuar na compostagem no Parque
Ecológico de Pedras de Fogo. O projeto ‘Seu resíduo me alimenta’, de estudantes
do IFPB é o carro-chefe da captação dos resíduos para a compostagem. A Semam de
João Pessoa fornecerá as primeiras mudas e os produtores de cana, através da
Asplan, mostraram interesse em adquirir o restante da compostagem que não for
utilizada na adubação das mudas que irão para as APPs.
Assessoria