sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Sob ‘fogo amigo’ do governador, aliados começam a dar sinais de insatisfação que podem se intensificar, em 2024 e 2026. Inclusive em Cajazeiras

Aprendi com um amigo escritor que as bandeiras surgiram com as guerras. Eram um escudo contra o fogo-amigo: como cada exército exibia suas cores na hora de fazer a pontaria os soldados sabiam distinguir o alvo entre os inimigos e aliados. Durante muito tempo alvejar um aliado em meio ao campo de batalha era reprovável mesmo na ética da guerra. Essa ideia mudou com o pensamento do estrategista militar, General Clausewitz, que subordinou as táticas a estratégia, como verá abaixo. Nesta analise você verá como o governador João Azevêdo (PSB), vem mirando sua artilharia (via máquina estatal) contra aliados e como esse ‘fogo amigo’ pode ter efeitos colaterais para o socialista, nas eleições de 2024 e 2026 na Paraíba.

Em outras palavras, acertar um aliado tornou-se aceitável se o objetivo for desgastar ou atingir um adversário. É claro que a ideia de que os fins justificavam os meios já havia sido descrita por Maquiavel bem antes, mas foi com Clausewitz que ela ganhou forma militar. O problema de quem adota esse método na política – o de atingir amigos e inimigos indistintamente – é passar a não mais distinguir um do outro. Aí então, “amigo” é aquele que está de acordo com a minha tática do momento e “inimigo” todo aquele que não colabora diretamente com o meu projeto ou não age de acordo com os meus interesses. Fazer política usando do Fogo Amigo como meio é legitimar a premissa de Clausewitz de que a política é uma continuação da guerra por outros meios.

Paraíba – Ao analisar as recentes movimentações do governador ao disparar contra aliados, vemos vários casos emblemáticos e suas consequências. Por exemplo, ao atuar diretamente para tomar o PDT paraibano para aliados de primeira linha, das mãos do prefeito de João Pessoa Cícero Lucena (PP), que tinha articulado com a executiva municipal (leia-se vereador Júnior Leandro) para que a executiva estadual, via a articulação com o presidente nacional Carlos Lupi, fosse para a sua esposa Lauremilia Lucena, João prejudicou seu maior apoiador na capital paraibana, tentando sufocá-lo a indicar novamente um vice do PSB, o amarrando assim na cadeira de prefeito se reeleito e o tirando do pareô, em 2026. Vejamos ainda, foi João Azevêdo, em recente encontro que junto o presidente estadual do Republicanos deputado Hugo Motta e o presidente estadual do PP deputado Aguinaldo Ribeiro, antecipou sua chapa para 2026. (João Senador, Hugo Senador e Aguinaldo ou Lucas Ribeiro governador), excluindo Cícero, Romero Rodrigues ou qualquer outro de participar da chapa majoritária em 2026. Confira: https://sonylacerda.maispb.com.br/2023/10/05/joao-hugo-e-base-governista-em-reuniao-2026-na-pauta/

Cajazeiras - Outro ‘fogo amigo’ recente de João contra aliados se deu em Cajazeiras onde a comissão estadual do PDT indicada com seu aval, destituiu a esposa do deputado estadual Júnior Araújo (PSB), Ana Emília, da presidência municipal do PDT em Cajazeiras, no Alto Sertão paraibano. Ela está sendo cotada para disputar o cargo de prefeita do município nas eleições do próximo ano e contava com o apoio do antes adversário ferrenho, o prefeito José Aldemir, e da esposa, a deputada estadual Dra. Paula, ambos do Progressistas. O fato é que o PSB já está com o nome do líder do governo na Assembleia Legislativa, Chico Mendes, como pré-candidato a prefeito e tem o apoio irrestrito do governador João Azevêdo, que afirmou recentemente em entrevista à imprensa que o PSB tem candidatura própria e que a posição do deputado Júnior Araújo era pessoal e não refletia a do seu grupo político.

O deputado Júnior Araújo não compareceu à sessão da última terça-feira (5) na Assembleia Legislativa e o presidente da Casa, Adriano Galdino, se eximiu de falar sobre o assunto. Já a deputada Dra. Paula afirmou que Ana Emília é candidata e que a aliança com Junior Araújo está mantida. Disse ainda que a opinião de Chico Mendes não prevalecia para o grupo dela e de José Aldemir.

Região Metropolitana – Ao analisar o recente ‘fogo amigo’ de João contra a família Ribeiro que tem atualmente a vice-governadoria com Lucas Ribeiro (PP), filho da senadora Daniella Ribeiro (PSD) e sobrinho do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), João articulou a indicação da mulher do deputado estadual Felipe Leitão (PSD), como pré-candidata a prefeita de Bayeux, cidade onde os Ribeiro apoiam a atual gestora. Além disso, Felipe Leitão, deixou o comando do PSD na capital e já anunciou ida para o PSB quando aberta a janela partidária, além disso, não sabemos a pedido de quem, saiu disparando contra os Ribeiros, alegando que só era presidente do diretório do PSD em João Pessoa de fachada.

Campina – Falar de ‘fogo amigo’ de João contra aliados sem falar da política de Campina seria irresponsável, pois bem, enquanto toda a cúpula do PSB estadual esperava um posicionamento do deputado Romero Rodrigues (Podemos) de deixar a sigla ir para o Republicanos e disputar a PMCG pela oposição, algo não concretizado, tendo em vista que Romero aceitou ontem (07/12), a liderança do partido na Câmara a partir de fevereiro de 2024, os socialistas ignoram completamente as postulações de aliados como do deputado estadual e pré-candidato a prefeito pelo PCdoB Inácio Falcão, do advogado André Ribeiro (PDT), dentre outros, mantendo inclusive como plano B, uma postulação insignificante do atual secretário de Saúde do Estado Jhony Bezerra (PSB).

Portanto com tanto ‘fogo amigo’ de João contra aliados já começam a sair os efeitos colaterais dessas ações que devem ser vistos nas eleições de 2024 e 2026. Notem que, Cicero até o momento não deu cargos de relevância na sua gestão ao PSB, como também não confirmou a vice para os socialistas. Assim também, o deputado Júnior Araújo já conseguiu um novo lar partidário para sua esposa em Cajazeiras. Os Ribeiros não dão sinais ao PSB de reciprocidade nas suas bases, como Santa Rita, Cabedelo, Cajazeiras, etc. E em Campina, nome de Jhony Bezerra (PSB), pode terminar isolado sem apoios da esquerda, leiam-se PCdoB, PT e PDT, que até o momento são ignorados pelo governador.


Redação com Paraíba News