quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mais da metade dos senadores faltou sem explicar

Levantamento do Congresso em Foco mostra que 52 senadores faltaram ao menos uma vez no primeiro semestre sem apresentar justificativa. Nessa categoria, Gim Argello foi o mais faltoso.

Valdemir Barreto/Senado
              Gim Argello foi o senador que mais faltou sem justificativa: assessoria diz que ele esquece de bater ponto
Nos primeiros seis meses do ano, 52 senadores - mais da metade do total - faltaram a sessões deliberativas sem dar qualquer explicação à sociedade. Levantamento exclusivo feito pelo Congresso em Foco revela que, dos 87 senadores que exerceram mandato no primeiro semestre, esses 52 faltaram ao menos uma vez, sem justificar os motivos do não comparecimento, às sessões plenárias com votações na pauta.

De acordo com as regras da Casa, os senadores podem solicitar licenças para se ausentar das sessões deliberativas – aquelas em que são votadas proposições que podem se tornar as leis do país. As ausências não justificadas por licenças são consideradas faltas, com desconto no subsídio referente a um dia de trabalho. E, como mostrou o site em matéria publicada ontem (1º), o número de ausências por licenças e de faltas aumentou mais de 50% no último semestre, em comparação com os semestres de anos anteriores desta legislatura.

Nenhuma sessão com todos

O levantamento é baseado em dados divulgados pela página eletrônica do Senado. De acordo com as informações apuradas, observa-se que nenhuma das 62 sessões deliberativas realizadas na Casa, no primeiro semestre de 2010, reuniu no mesmo dia todos os 81 senadores no exercício do mandato. Nem mesmo nas sessões mais importantes – como a que apreciou o projeto que deu origem à Lei da Ficha Limpa – foi verificado o comparecimento de todos os senadores.

O critério utilizado no ranking dos menos assíduos é o seguinte: em primeiro lugar, o número mais elevado de faltas sem justificativas. Em caso de empate, considera-se as ausências totais (com ou sem justificativa) e, por último, o menor índice de presença em relação às sessões a que cada parlamentar deveria ter comparecido.

Os campeões
Em relação às faltas sem qualquer explicação aos eleitores, o Senado conseguiu bater recorde de faltas no primeiro semestre deste ano, totalizando 189 vezes sem registro de comparecimento. Desse total, os dez senadores que mais faltaram sem justificar foram responsáveis por 81 faltas, o que corresponde a um percentual de 42% do total.

 No ranking de faltas sem justificativa, o campeão foi o senador Gim Argello (PTB-DF). Apesar de ser parlamentar por Brasília e não necessitar se deslocar de um estado para o outro para participar das sessões, o senador faltou a 14 das 62 sessões deliberativas realizadas sem prestar qualquer esclarecimento sobre sua ausência.

Em segundo lugar no ranking dos mais faltosos, está o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO). Mesmo considerando-se o período em que esteve afastado – tomou posse em seu lugar o suplente Sadi Cassol (PT-TO) –, Quintanilha está entre os que mais faltaram sem prestar contas ao eleitor. O senador tocantinense teve 10 faltas durante as 38 sessões em que esteve em exercício.

Uma falta a menos tiveram os senadores Almeida Lima (PMDB-SE) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), que faltaram nove vezes sem dar explicações. Em seguida, com sete faltas sem justificativa aparecem a senadora Marina Silva (PV-AC) e os senadores Efraim Morais (DEM-PB), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Valter Pereira (PMDB-MS).

Por Renata Camargo e Fábio Góis - Congresso em Foco