Caso de Hedviga Golik revela abandono e isolamento extremo em plena capital croata
A idosa vivia reclusa em um apartamento de apenas 18 metros quadrados, localizado no sótão de um prédio de quatro andares na capital croata. O estilo de vida solitário e os hábitos considerados excêntricos levaram os vizinhos a manter distância. Hedviga evitava o contato social, recorrendo a métodos inusitados, como o uso de um balde preso a uma corda para enviar sua lista de compras a vizinhos mais solícitos, sem jamais sair de casa para adquiri-las pessoalmente.
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Hedviga Golik Crédito: Reprodução |
Ao arrombarem a porta, encontraram a moradora deitada em sua cama, coberta por cobertores, com uma xícara de chá ao lado e a televisão ainda ligada. O ambiente permanecia praticamente intacto, dominado por teias de aranha e com sinais de que ninguém havia entrado ali desde sua morte. A autópsia não conseguiu apontar a causa exata da morte, mas indicou que o falecimento teria ocorrido durante uma estação fria, o que contribuiu para o processo de mumificação natural do corpo.
Na época, o caso teve ampla repercussão internacional. O The Guardian chamou atenção para a omissão coletiva que permitiu que uma morte passasse despercebida por mais de quatro décadas, criticando tanto vizinhos quanto autoridades. O Daily Telegraph, por sua vez, levantou a questão dos pagamentos contínuos de contas de eletricidade, revelando que o arquiteto responsável pela construção do edifício, falecido em 2005, era quem vinha quitando as despesas do imóvel.
Já o New York Times utilizou o episódio como símbolo extremo do isolamento nas sociedades urbanas contemporâneas, refletindo sobre como o individualismo crescente e a falta de laços comunitários podem levar a situações tão drásticas quanto a de Hedviga Golik.
Fonte: Correio 24 Horas